Política

A avaliação de Lula sobre o desempenho do PT nas Eleições 2024

O presidente avaliou a derrota do PT em capitais e cidades antes governadas pelo partido como ‘coisas de eleição’; o petista ainda projetou a virada de Guilherme Boulos, psolista apoiado pelo PT, em SP

A avaliação de Lula sobre o desempenho do PT nas Eleições 2024
A avaliação de Lula sobre o desempenho do PT nas Eleições 2024
Foto: Reprodução
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Na manhã desta sexta-feira 11, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma avaliação das eleições municipais de 2024, comentando a derrota de seu partido em algumas capitais e cidades antes governadas pela sigla. Entre os exemplos mencionados, Lula citou Araraquara e Teresina, cidades onde o PT esperava conquistar as prefeituras. O presidente, contudo, considerou o resultado como “coisas de eleição”.

“Já governamos grandes cidades de São Paulo por muitos anos, mas chega um momento em que você perde. Toda vez que termina uma eleição, aparecem os vencedores achando que o mundo mudou, mas a eleição de prefeito não tem muita incidência na eleição presidencial”, analisou Lula, em entrevista à rádio O Povo/CBN de Fortaleza.

Apesar de minimizar o impacto dessas derrotas no cenário nacional, Lula reconheceu a importância das eleições municipais, afirmando que o prefeito é a figura responsável por dar o primeiro passo na implementação das políticas públicas nas cidades. Ele reiterou a necessidade de uma relação republicana com os prefeitos, independentemente do partido a que pertencem, e garantiu que o governo federal continuará a apoiar os municípios.

“A política pública não é uma relação de amigos: para os meus amigos tudo, para os inimigos a lei, não. Assim vamos trazendo o País de volta a civilidade. O dinheiro não é para o prefeito, é para o povo”, frisou.

Sobre a disputa do segundo turno, Lula destacou que muitos prefeitos conseguem se reeleger graças aos recursos federais disponíveis para a realização de obras e às emendas parlamentares. No entanto, o presidente também alertou para a necessidade de o PT reavaliar seus erros nas cidades em que foi derrotado. “Se perder as eleições, se prepare para a próxima. Foi assim comigo nas três vezes que perdi”, lembrou Lula, fazendo uma alusão a suas derrotas eleitorais antes de se tornar presidente.

Lula também comentou sobre o desafio que tem sido para o PT converter sua popularidade no âmbito federal em votos nos municípios. Nesse ponto, admitiu que sua participação nas campanhas deste ano foi mais discreta, o que pode ter impactado no resultado. Ele explicou que se manteve distante de algumas disputas por conta de alianças nacionais que envolvem partidos concorrentes nas eleições municipais.

“A única eleição que comprei, de fato, foi a de São Paulo, porque lá já existe uma disputa estabelecida entre o lulismo e o bolsonarismo”, explicou.

“Eu tenho uma base muito ampla, tenho vários partidos na minha base nacional que estão disputando as eleições, então não podia compra uma briga em uma cidade e no contexto nacional os aliados [acabarem] se tornando adversários. Todo mundo sabia dessa minha postura”, completou.

Virada de Boulos

Em relação à disputa de São Paulo, a ‘única que comprou’, Lula se mostrou confiante na vitória de Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno contra Ricardo Nunes (MDB). “O Boulos é uma figura muito preparada. Tivemos um problema de comunicação, porque é difícil convencer um petista a votar no número 50. Mas acredito que ele tem tempo e espaço para reverter o cenário”, disse o presidente.

Lula gravou, na quinta-feira, um vídeo pedindo votos para Boulos e orientando os eleitores petistas a votarem 50, no PSOL, no dia 27 de outubro. Na cidade, cerca de 50 mil pessoas anularam o voto ao digitar 13 nas urnas sem que o PT tivesse candidato.

Regulação dos apps

O presidente também fez uma análise sobre o futuro do PT, em especial a necessidade de adaptar o discurso do partido às novas realidades do mundo do trabalho. Lula ressaltou a importância de dialogar com os trabalhadores de aplicativos, que não querem se submeter ao regime da CLT, mas buscam garantias de direitos. Ele destacou o acordo firmado com a Uber e um projeto de lei em tramitação no Congresso que busca melhorar as condições de trabalho desses profissionais. “Estamos preocupados com a previdência desses trabalhadores, porque eles podem ficar doentes ou envelhecer, e é nosso dever garantir que eles tenham proteção”, concluiu.

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