Augusto Diniz

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Jornalista há 25 anos, com passagem em diversas editorias. Foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Opinião

Yamandu Costa canta em disco canções suas com Paulo César Pinheiro

O violonista critica elite por “tremendo preconceito com o que a gente é”. A elite brasileira tem vergonha de ser do país do samba”

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Um dos instrumentistas brasileiros mais reconhecidos no mundo, Yamandu Costa, pretende lançar a partir de julho um disco de composições suas com Paulo César Pinheiro.

É a primeira vez que o músico canta em todas as faixas de um álbum. Nesse inédito trabalho de Yamandu de voz e violão, são dez composições com melodias suas e letras de Paulinho Pinheiro, que completou 70 anos em abril.

O disco, intitulado Vento Sul, fecha com duas outras composições do violonista com Vinícius Brum e Erik Navarro. “Comecei a minha carreira cantando, mas me apaixonei pelo violão”, lembra o gaúcho.

Ele conta que se reaproximou da canção em 2014, quando machucou o punho num acidente em casa, provocando o cancelamento de vários shows. “Aproveitei o período para entrar nesse universo”.

No registro de composições com Paulo César Pinheiro, o violonista relata não ter usado o aparelho de afinação vocal, um velho conhecido da indústria da música. “Gravei violão e voz ao mesmo tempo porque queria fazer mesmo um disco orgânico”. Mas ele trata de avisar que não tem pretensão de virar cantor.

Mais dois discos

Yamandu promete ainda o lançamento de mais dois álbuns este ano, dessa vez na sua função principal: a instrumental. O virtuoso violonista tem uma produção musical invejável. Hoje, conta com 25 registros fonográficos, fora as inúmeras participações em outros trabalhos.

Nos últimos anos, passou a gravar em seu próprio estúdio e a compor mais. “Minha produção que já era independente ficou muito mais agora”.

Parte dessa produção Yamandu mostra semanalmente por meio de seu canal no YouTube.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=3wmABfUoIiI

Carreira internacional

Sua intensa agenda tem 80% de concertos lá fora. Yamandu é um dos poucos artistas brasileiros de fato com reconhecimento internacional. “A minha carreira está me levando embora do Brasil”. Cita, porém, fazer ainda concertos ao seu cativo público por aqui.

Diz saber da responsabilidade do artista de participar das questões atuais do país, nesse momento difícil. Acha que se cobra muito de um assunto tão complexo como a política, o que acaba gerando intolerância de ambos lados. Mas Yamandu tem críticas à alta sociedade: “Tem um tremendo preconceito com o que a gente é. A elite brasileira tem vergonha de ser do país do samba”.

E pede um patriotismo mais consciente. “Se a gente não entender isso de forma correta, vamos continuar acreditando nessas novas frentes, que na verdade são empregados do grande capital”.

Yamandu não tem só domínio excepcional do violão. Ele dialoga bem com as raízes da música brasileira e latino-americana na sua concepção e expressão. Mesmo sendo um instrumentista muito acima da média, mantém diálogo musical com seus pares no Brasil, vide os seus registros em duo e participações em trabalhos de outros músicos.

Além disso, toma parte de atos públicos numa situação complicada como essa que passa o país. São essas virtudes que o ajudam a tocar em outros lugares do mundo com frequência. Lá fora, nos grandes palcos, não se espera somente do artista a técnica apurada, mas também atitude e consciência.

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