Havia um tempo que seguir significava acompanhar. Detetives seguiam maridos e mulheres que traiam.
Enfileirados no pátio do colégio, alunos seguiam a professora até a sala de aula, por exemplo.
Mas tudo mudou!
Hoje, quando você pergunta se alguém está seguindo, ela quer dizer que, como milhões de pessoas, você está seguindo uma pessoa no Instagram ou no Facebook.
Eu tenho uma amiga que segue todo mundo!
Ela segue o indiano que faz malabarismos com sorvete.
Ela segue a menininha que faz propaganda pro Itaú.
Ela segue o gato que só falta falar.
Ela segue vinte e seis chefs de cozinha.
Ela segue o cara que está dando a volta ao mundo em 80 dias.
Enfim, ela segue todo mundo, e fica espantada quando pergunta se eu sigo, e eu digo que não.
– Como assim? Você não segue o Papa? O Putin? Você não segue o Zelensky?
Confesso que não sigo ninguém, que estou por fora de quase tudo que acontece nesse mundo de meu Deus.
Bem que eu queria seguir aquele cara que dança com a mulher, cada dia uma música diferente.
Bem que eu queria seguir o vietnamita que cria um elefante em casa.
Bem que eu queria seguir o maior homem do mundo. E o menor.
Apesar de me esforçar – e muito – para ficar por dentro de tudo que rola na Internet, eu ainda me sinto um dinossauro.
Eu ainda não sei por o Waze, que, segundo o Gil, é um nome feio, mas o melhor meio de se chegar.
Acredite! Eu não estou seguindo nenhuma série e nunca vi um filme no Netflix. Eu ainda vou ao cinema!
E sigo também, da janela do meu escritório, os aviões que cruzam o céu de São Paulo, quem sabe com destino à felicidade?
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