Tratamento humanizado

A reforma psiquiátrica deve muito à doutora Nise da Silveira, que optou por usar pincéis na terapia dos internos, em vez dos “picadores de gelo” empregados nas lobotomias

Nise da Silveira.

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Em 2023, a Lei da Reforma Psiquiátrica completa 22 anos. Vale recordar uma pioneira, a doutora Nise da Silveira. Na esteira do movimento iniciado em 1961 pelo psiquiatra italiano Franco Basaglia, que transformou os antigos manicômios em comunidades terapêuticas, a doutora Nise promoveu uma revolução no Hospital do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro.

Em 1974, sem saber nada sobre Nise ou Basaglia, fiz um estágio do curso de Psicologia em um hospital psiquiátrico feminino da Vila Mariana, em São Paulo. O médico responsável pelos detentos – recuso-me a chamá-los de “loucos” – advertiu às alunas assustadas que tomassem cuidado, pois poderíamos ser atacadas por um deles a qualquer momento. Apesar do medo incutido em nós, não foi o que nos aconteceu.

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1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 1 de maio de 2023 23h37
Deixada só, a “loucura” deve ser encarada como um experimento científico e humano não como um isolamento com o escopo de discriminar o indivíduo por questões econômicas e tratamento de choque desumano como a tal lobotomia, cruelmente utilizada outrora. A Dra. Nise da Silveira, de fato, foi uma revolucionária na forma de tratar e integrar os pacientes que eram desumanizados de sua dignidade psicossocial e humana. Os psicopatas e, condutopatas e sociopatas investidos do poder são os maiores perigos para a sociedade. São os “loucos de todo gênero” que precisam de carinho e atenção a serem dados Estado e suas famílias, aqueles merecem as duras penas da lei.

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