Opinião

‘Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem’

Vários sinais do que viria o comando do bolsonarismo antecipou, sussurrados pelo seu mito. Qualquer ser com apenas dois neurônios teria entendido os recados

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sá/AFP
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Meu último texto para este site de CartaCapital foi publicado em 1/12/2022. Pedia aos leitores: “Não temam fardas ou milícias. É hora, pois, de voltar a sorrir”.

Sentia que a derrota do Regente Insano Primeiro (RIP) nas eleições presidenciais traria algumas reações de seus apoiadores, aí incluídos, militares, empresários e políticos da ultradireita, ruralistas abestados e populares politicamente ignorantes. Massa mais amorfa do que segmentada preparada para um golpe, que em seu ideário eles diziam ser contra as esquerdas ou, pior, contra o comunismo.

Vários sinais do que viria o comando geral do bolsonarismo antecipou, sussurrados pelo seu mito. Qualquer ser com apenas dois neurônios teria entendido os recados: o longo período de silêncio pós-30/10; o não reconhecimento explícito da vitória do adversário de imediato, como se faz em democracias civilizadas; a não passagem da faixa ao novo presidente eleito; a fuga para a Flórida (EUA) às expensas de dinheiro público; fortuitos biscates nas redes sociais sobre o nada ou, de forma sacana, cifrados para sua extensa rede de malfeitores.

O que este colunista menor não esperava é que a malta bolsonarista contasse com dois ou três neurônios a mais do que os de nossos órgãos e autoridades de inteligência, e do jornalismo corporativo do País. As exceções li aqui em CartaCapital, no GGN, em magistral artigo de Luís Nassif e ouvi de alguns comentaristas da GloboNews.

Assim, pacificamente, se aceitou a tentativa de golpe de Estado, no domingo 8 de janeiro, quando hordas bolsonaristas invadiram e vandalizaram os prédios do Palácio da Alvorada, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

Recuso-me a diferenciá-los como “puros e radicais”, como, hoje em dia, o faz a mídia corporativa. Para mim, lo stesso. Não sendo completamente imbecil, quem votou e continua apoiando o RIP é fascista e assim se comporta em todos aspectos sócio ambientais.

A democracia venceu, os derrotou, evitou o golpe. Os guardas-heróis dos prédios que acolhem os Três Poderes? Ou nós, que vimos um genocida fazer e desfazer do País durante quatro anos, até deixá-lo destruído para difícil reconstrução?

Mas, por que tanto pessimismo, colunista menor? Talvez, pelo próprio tamanho, inclusive o da repercussão. Sou aqui pautado para escrever sobre a agropecuária e seus negócios. Confesso muitas vezes perder a paciência com este “mais do mesmo” e pegar outras veredas.

Mais uma vez hospitalizado, a terceira vez depois de 2021/2, notei que na edição de fim de ano de CartaCapital, versão impressa, nenhuma menção havia ao agronegócio. Não disse que, sempre indo bem, é assunto “di menor” na mídia? Basta ver os discursos dos candidatos a qualquer cargo público assim expressavam Nossa Excelência, o Agronegócio.

Majoritariamente bolsonarista, também eles podem ser incluídos na generalização que faço no título da coluna.

Com um senão: quando o filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) se referiu à idiotia rural não estava falando de vocês.

Na próxima. Inté!

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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