Jandira Feghali

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É deputada federal (PCdoB-RJ), vice-líder da Minoria na Câmara dos Deputados e vice-presidente nacional do PCdoB

Opinião

Os tempos são realmente novos, apesar dos perigos

Integração, soberania e protagonismo internacional: temos que reconstruir o que foi destruído por quatro anos de desprezo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia com o homólogo Xi Jinping. Foto: Ken Ishii / POOL / AFP
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A visita à China foi marcada por um momento de grande emoção e reconhecimento da potência de nossa cultura. A cultura que nunca se deixou calar, mesmo em momentos de censura e de ataques diários. Aos olhos do mundo, Lula e Xi Jinping desfilaram, lado ao lado, ao som de Ivan Lins e Vitor Martins. Os acordes de Um Novo Tempo soaram firmes e reafirmaram um novo tempo para o Brasil, apesar dos perigos, pois estamos atentos. Um tempo de integração e soberania, de protagonismo internacional do nosso país.

Os tempos são realmente novos, mas há muito que trabalharmos para reconstruir o que foi destruído por quatro anos de desprezo pela nossa história e trabalho árduo do nosso povo e das políticas elaboradas e executadas para o nosso desenvolvimento e inclusão.

Com uma comitiva bastante representativa, composta por parlamentares, sendo dezenove deputados e deputadas, sete senadores e senadoras, incluindo o presidente do Congresso Nacional, oito ministros e ministras, cinco governadores e governadora, sindicalistas e empresários, a visita à China neste abril de 2023, foi o que deveria ser. Politicamente contundente, sinalizou a multipolaridade necessária, afirmou parcerias estratégicas, deu os recados que o momento exige para os que pensam serem os donos do mundo.

A posse de Dilma Rousseff no Banco de Desenvolvimento dos Brics já demonstra a força desta articulação surgida após a crise de 2008 e que atuará, segundo suas próprias palavras “comprometido para promover o financiamento na escala adequada para os países em desenvolvimento e emergentes, agir em conjunto com os governos e bancos nacionais, superar as desigualdades e promover a inclusão”. O banco atua em países com 40% da população mundial e ¼ do PIB global.

Os acordos firmados na China e depois nos Emirados Árabes Unidos, somam R$62,5 bi, nas áreas estratégicas , a começar pela Ciência, Tecnologia e Inovação para a construção conjunta do satélite sino-brasileiro CBERS-6, além de outros no campo da tecnologia da informação e comunicação. Acordos também foram firmados para programas de alimentação e combate à fome, na área industrial, como mineração, energia, infraestrutura, co-produção televisiva, e no desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas, criando, inclusive uma subcomissão para trabalho e elaboração conjunta de novas políticas.

Diversos investimentos subnacionais, como a fábrica de biodiesel no estado da Bahia junto aos Emirados Árabes, e produção de energia eólica, solar, hidrogênio azul e verde e combustíveis no Complexo Industrial e Portuário de Pecém no estado do Ceará.

O anúncio de uma possível moeda própria nas negociações dos Brics incomodaram, não por acaso. Como também a insistente busca da formação do G20 pela paz. Duas linhas de ação que vão de encontro às políticas de dominação do império norte-americano, ou de quem quer que seja, pelas armas ou pelo dinheiro.

São esforços pelo mundo multipolar, pela autodeterminação dos povos, pela altivez brasileira, pelo nosso desenvolvimento nacional.

São mesmo novos tempos.

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