Opinião

Os EUA são concorrentes, e não clientes agropecuários

Quem produz manga no Nordeste, sabe o que o prisioneiro político de Curitiba fez pela região

Os EUA estão de olho
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Dos agronegócios, na barafunda em que seguem vários setores do governo Jair Bolsonaro, evidencia-se o equívoco, aqui alertado há quase um ano: os EUA são concorrentes, e não clientes agropecuários.

E o que faz a insana equipe? Trigo, leite, abacates, dúbio acordo Mercosul e União Europeia (UE), já sabem.

Pior: tira-se 36 bilhões de reais de crédito a juros controlados dos produtores brasileiros, enquanto Donald “Pele-Laranja” Trump, para compensar sua pendenga chinesa, cede ajuda de até 16 bilhões de dólares aos infelizes produtores norte-americanos.

Querem traduzir isso em nossa moeda? Lá, 64 bilhões de reais; cá 36 bilhões. Ôpa, 100 certinho, a favor de quem, mesmo? Curioso, ainda que com o fígado ardendo por ter visto o Metralhador Insano Primeiro bajulado no Maracanã, não deixo de imaginar esses bilhões no bolso da esperta China.

Martin Wolf, editor e principal analista econômico do Financial Times, afirma: “Os aliados dos EUA deveriam indicar onde concordam com os objetivos dos EUA em comércio e tecnologia e (…), sustentar uma posição comum sobre essas questões (…) um sistema multilateral de comércio, sob os auspícios da OMC”.

E o que faz “Keds”? Exatamente, o contrário. Entre 30 países analisados pela desejada OCDE (Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico), o Brasil é um dos cinco que menos cede subsídios diretos a seus produtores.

Mangas

Neste ano, o Brasil deverá exportar 135 mil toneladas de mangas, mais do que 40% do que em 2014. Representa 11% das exportações mundiais, uma receita média de 150 milhões de dólares. Acompanhei, pessoalmente, essa evolução no Vale do São Francisco, Juazeiro e Petrolina, que adoro as duas.

O crescimento vem de trás, com a irrigação, seguida pela iniciativa privada e o apoio público. Como sempre deveria ser. Quem lá produz, sabe o que o prisioneiro político de Curitiba fez pela região.

Uai, se indústria, comércio e serviços quebram, por que não nós?

A redução dos créditos a juros subsidiados para a agricultura será danosa. Ainda mais se o clima e as bolsas internacionais não ajudarem. Nem cito o mercado interno. As taxas de custeio vão de 6% para de 7% a 8%. Para investimentos são mínimos os aumentos, se é que alguém terá coragem para investir. Deveriam. Apoiaram Insano Primeiro.

Do mercado interno, esqueçam. Sem emprego e renda, consumo é o não haverá, mesmo. Juros livres confirmam instituições bancárias ganhando, mas com os rabos piscando de medo.

Tiro deles mesmos: “Recuperações judiciais de produtores alteram matriz de crédito à soja”.

“Recuperações judiciais de produtores mobilizam bancos e trading.”

Quem tem… tem medo.

Vou pra Minas ver o que a geada fez com os cafezais. Inté.

Notas de esclarecimento:

1) A propósito da coluna da semana passada (4/7), “A proibição dos charutos Cohiba e os pinos que faltam a alguns”, recebo e-mail da Agência Nacional de Vigilância Nacional (Anvisa), assinado pelo Sr. Carlos Moura (Imprensa – Anvisa). Exclui o excesso de ácido sórbico e desfila uma série de inconsistências nos dados apresentados pela empresa à Anvisa;

2) Encaminhado o e-mail para a Emporium Cigars, distribuidora dos charutos no Brasil, explica ter havido interpretação equivocada da presença do aditivo e de que o recurso interposto pela Anvisa e o produto está sendo normalmente comercializado. Que bom!

Este texto não reflete necessariamente a opinião de CartaCapital.

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