Opinião

Os dias 12 de outubro

Nesta data são celebradas as crianças, Nossa Senhora da Aparecida e os engenheiros agrônomos

Crianças. Foto: Cheryl Holt/Pixabay
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Os dias 12 de outubro parecem ser do bem, embora como escreveu o escritor, poeta e diplomata brasileiro Vinícius de Moraes (1913-1980), e agora repetido por Bergoglio, o Papa Francisco: “a vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida”.

Bom que haja, se não os fariseus se pensariam sempre felizes e meritocráticos.

Até onde sei – pode haver mais – nos dias 12 de outubro de cada ano são celebradas as crianças, Nossa Senhora da Aparecida e os engenheiros agrônomos.

Segmentemos.

Crianças, nessa fase, são todas maravilhosas:

“Crianças? “Filhos… Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-los?” (Poema Enjoadinho, Vinícius de Moraes – 1913/1980)

Merecem a comemoração.

Sim, mas o ruim sempre pode piorar. Quando crescem para homens e mulheres, pouco podemos arriscar. Ultimamente, o planeta e uma certa Federação de Corporações não têm sido muito magnânimos em oferecer qualidade de caráter e preocupação com o próximo. Maravilhas são poucas.

Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil, preta, que para mim, com ampla simbologia antiescravagista, bastaria para ser santificada. Foi. De suas ações, deixo a resposta para os católicos.

A Santa do Brasil é dada como surgida no século 18. A versão de que foi encontrada em Guaratinguetá, no Vale de Paraíba, por pescadores, se não a mais verdadeira, é a que mais me encanta. Retirada do fundo do rio, fez abundar a pesca.

A devoção autônoma entre a população local e regional se seguiu até que, 70 anos depois, o Príncipe Regente do Brasil (não insano), a proclamou Padroeira do Brasil. Mesmo ateu, costumo visitá-la em sua casa. O mesmo que faria para os revolucionários Jesus Cristo, Che Guevara e o Papa Francisco.

Aparecida merece a comemoração.

Mas, e os nossos queridos agrônomos? Todos juntos e misturados, segundo os últimos dados do CONFEA, Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, e do CREA (Regional), temos um milhão de profissionais registrados, sendo 80% homens e 20% mulheres.

Creio não errar muito se duplicar esse número, considerando aqueles, formados, mas que equilibram suas rendas não pagando as anuidades e técnicos agrícolas que não puderam chegar a finalizar o curso superior. Também os tantos que foram da prática nas roças de suas famílias e sabem tanto quanto os estudados.

Como disse, juntos e misturados, formalizados ou não, são responsáveis pelo alto desenvolvimento agrícola do Brasil.

Por ter nascido em São Paulo, a ESALQ, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba/SP, é que mais me encanta. A proximidade ajuda.

Em 45 anos de atividade, mexi (eles gostam do termo) com Viçosa, Lavras, Unicamp, as Federais e Estaduais e tive mais sucessos do que decepções. Microcosmo não diferente do que está o planeta hoje em dia.

Dos dinossauros, me aproximei de Roberto Rodrigues, Luiz Fernando Guedes Pinto, Alysson Paulinelli (ex-ministros), Eurípedes Malavolta, José Braz Matiello, Adilson Paschoal, José Peres Romero, Alcides Carvalho, e a eterna Ana Maria Primavesi.

Jurássicos, mas contemporâneos? Marcos Jank (jovem, se ofenderá? Lembro de tê-lo contratado para palestras há 30 anos, quando reconheci sua competência); Eduardo Haberland (meu suporte na profissão); Paulo Roberto da Costa, maior especialista em bioestimulantes vegetais do Brasil; Weber Amaral, doutor da bioenergia, nosso futuro.

Especialmente, Antônio Figueira, orientador no CENA, Centro de Energia Nuclear na Agricultura, em Piracicaba, do mestrado de minha primeira filha, bióloga formada na UNESP de Rio Claro, hoje em disparada carreira nos Estados Unidos.

Valeu? Claro que sim! Principalmente, para um país regido, atualmente, por um insano, que a depender de mim lá nunca estaria.

E meus meninos atuais? Ah, o distante, Marcelo Valente, e os próximos Gilberto Gama, Edvaldo Fukuchi, Dayane Gonzaga, Guilherme Lara, Rodrigo Pupio, Fernando Fonseca. O mesmo louvor para os que vieram de Lavras, Muzambinho, Viçosa, Alfenas (MG); Taubaté e Espírito Santo do Pinhal (SP); Federal Rural do Rio de Janeiro (Seropédica); Bandeirantes, no Paraná; Pelotas, no Rio Grande do Sul.

Vocês constroem o melhor do Brasil. Seriam muitos, mas depois de 45 anos no ramo é aceitável esquecer de muitos, tantos são a fazer um Brasil melhor.

Merecem a comemoração.

Paramos aí? Nunca! Pandemia ou não, descontados temores alheios por eu ser ente de “alto risco” (pronto a tornar-me um assassino serial), em Piracicaba/SP, queria estar bebendo junto aos amigos da Botecaria Vilinha, de meu amigo Valdéris, gaúcho, e de todos seus/nossos garçons.

Mesmo passear pela Rua do Porto, um tanto decadente. Desforra: comer o cuscuz do restaurante ao lado do Beira-Rio Hotel ou as beringelas recheadas de tomate do “Casaretto”.

Que merda é essa, senhoras e senhores, que a proximidade do campo e de seus heróis, nos faz chorar?

Inté!

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