No começo, foram cerca de 70 entidades da sociedade civil, incluindo algumas de categorias de servidores públicos, a exemplo do Ministério Público e da Polícia Federal, que reagiram contra o ato de traição de Bolsonaro ao convocar embaixadores de outros países para atacar as instituições democráticas e as eleições. Em seguida, veio a reação da diplomacia americana e de outros países, manifestando apoio ao processo eleitoral e à Justiça. Depois veio a avalanche desencadeada pela carta da Faculdade de Direito da USP. São mais de 600 mil signatários, mas o mais importante é a pluralidade dessas assinaturas e o fato de que milhares delas representam entidades organizadas da sociedade civil. O fato de a Fiesp e a Febraban se manifestarem em apoio ao processo eleitoral e à democracia também tem um peso político muito significativo, por se tratar de um dos segmentos que vinham apoiando Bolsonaro.
Este despertar das entidades civis provocou o isolamento político de Bolsonaro no contexto da sociedade organizada e de suas instituições. A sociedade organizada emitiu um sinal claro de que não aceita uma interferência golpista do presidente ou de quem quer que seja no processo eleitoral. Trata-se de uma reação necessária à naturalização das atitudes antidemocráticas de Bolsonaro e seus seguidores. A reação contra o golpismo criou uma frente democrática informal e quase espontânea em defesa da democracia e das eleições. A quantidade de pessoas que se engajou espontaneamente causou surpresa em lideranças sociais e políticas.
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