Frente Ampla

O Brasil já mudou

Reverter este cenário não é tarefa simples, mas a maioria dos eleitores deu sua resposta

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia em Brasília. Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Chegamos a 2023 com uma prévia do Censo 2022 a indicar uma população de 207,7 milhões de habitantes. Para quem não se recorda, o governo anterior cortou praticamente a totalidade dos recursos para o mapeamento que orienta políticas públicas e nos fornece um retrato do país, o valor disponível para a pesquisa em 2021 foi cortado de R$ 2 bilhões para R$ 71 milhões. Antevendo o retrato desastroso, preferiu matar de inanição o fotógrafo, prática bastante usual nos 4 anos do governo de Jair Bolsonaro. O censo ainda precisa ser concluído para que tenhamos o Brasil visto inteiro.

O primeiro Censo Demográfico realizado após a criação do IBGE foi realizado em 1940. Éramos então 40 milhões de habitantes e nossa expectativa de vida era de 45,5 anos. Um número espantoso se comparado aos 77 anos apontados em dados mais atuais. Um abismo separa as duas taxas. Um abismo com múltiplos fatores, entre os quais o avanço tecnológico e científico, a constitucionalização do direito à saúde como direito de todos e dever do Estado, e a ampliação de campanhas de informação.

Não há quem duvide, especialmente após a pandemia de Covid-19, da importância do tripé sistema público de saúde, pesquisa e ciência e acesso à informação no enfrentamento às principais causas de mortalidade e aumento da qualidade de vida dos brasileiros e brasileiras. Mas foi exatamente aí o tiro certeiro dado por um governo que negou a ciência, asfixiou o Sistema Único de Saúde e disseminou informações falsas que, além de desorientar a população, causaram uma redução assustadora em nossa cobertura vacinal. Aos que duvidam do desastre, sugiro a leitura do relatório da equipe de transição. É estarrecedor.

Talvez agora as pessoas tenham a dimensão do que 4 anos de descaso, descompromisso e omissão podem causar. A “boiada” passou deixando um rastro de destruição, desnutrição e morte. Mas vai ficando cada vez mais claro que as doenças e mortes não foram acidentais ou inevitáveis, são decorrência de opções feitas pelo governo Bolsonaro, que tinha os dados e escolheu o seu caminho.

O número de mortes que o país alcança na pandemia e o quadro encontrado em território Ianomâmi esclarecem de forma contundente os crimes e responsabilidades do governo derrotado em 2022.

Reverter este cenário não é tarefa simples, mas a maioria dos eleitores deu sua resposta. Os primeiros sinais dessa reversão foram dados ainda na votação da PEC da transição e da Lei Orçamentária para 2023. Nos dois casos vimos as prioridades definidas em favor da saúde e do combate à fome e às desigualdades.

Podemos nos orgulhar em ter um presidente que entende os dilemas postos e age com humanidade e presteza quando a situação exige. Um presidente que, aos 20 dias de empossado, depois de enfrentar corajosamente turbulências antidemocráticas, ainda terminando de montar suas equipes, se cercou de ministros e foi à Roraima verificar a situação dos Ianomâmis e garantir imediata assistência e soluções estruturais.

Um cenário de total orfandade do Estado Brasileiro, desumano, de fome, doença e cerco pelo garimpo ilegal, este sim “protegido” pelo governo anterior, pelo que todos os dados indicam. A repercussão internacional desta visita foi imensa.

Os antigos governantes e seus seguidores inventam suas fakes, mas nenhuma versão será capaz de negar o que todos viram e registraram e muito menos a necessidade de apurar e determinar os algozes daquele povo.
O Ministério da Saúde abriu uma chamada pública e, como médica, me orgulho da mais de uma centena de profissionais que, voluntariamente, se inscreveram para reforçar o atendimento naquele território. O número deve crescer numa demonstração de solidariedade e respeito. Muitas são as ações que surgem também da sociedade civil que se direcionam ao povo Ianomâmi.

O Brasil mudou, mudará ainda mais assim que os ataques à democracia sejam isolados e punidos com rigor. Ficou para trás a opção de fazer volumosos e escandalosos gastos em cartões corporativos enquanto o país voltava ao mapa da fome. São apenas 25 dias de governo e a mensagem é clara, o tripé será respeitado. E a ele será incorporado outro não menos relevante: prevenir, proteger, punir. Assim, teremos paz para levar adiante as políticas necessárias para reconstruir o país. Para voltarmos a ser exemplo internacional em políticas públicas. Mas, 4 anos de retrocessos não se desfazem por mágica. É preciso muito trabalho e determinação. E isso não faltará ao governo de Lula.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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