Opinião

Na agricultura, nem tudo é NPK

Fortunas se fazem às custas de grandes agricultores, camponeses, sertanejos e, mais do que todos, ruralistas que se tornam políticos e formam os currais do atraso

(São Desidério - BA, 11/09/2020) A força do agronegócio presente na região baiana..Foto: Isac Nóbrega/PR
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As três letras do título, que para alguns podem parecer incógnitas, aos seres vivos vegetais, por conseguinte (desafio quem escrevinhador ter usado este termo recentemente), junto à água e ao sol (luminosidade), significam comida, crescimento, enfim, sobrevivência. Comercialmente trocados, entram no grupo dos agronegócios. São insumos agrícolas, assim como o são as sementes, os defensivos (tóxicos ou naturais, orgânicos e biológicos) contra pragas e doenças das plantas.

Também outros produtos naturais ou sintéticos servem, de formas específicas, para aumentar ou catalisar a produtividade (produção total versus hectare de terra).

Chamados de fertilizantes ou adubos, garantem nutrição para jardinagem, paisagismo, matas e florestas, agricultura de lavoura, alimentos e mobilidade animal e humana, enfim, a vida no planeta Terra.

Para quem desconhece os aléns a que essas três letras vão: são os símbolos químicos de Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), três fontes básicas e primárias da nutrição vegetal, bem como para diversos usos.

Há outras fontes, mais pontuais em suas funções, mas que não carregam a mesma expressão.

Com certeza, porque nos permitem comer, beber e nos mobilizar, o que é fundamental. Garantem a vida e o trabalho, o que deveria ser possível a qualquer ser humano que estivesse em harmonia com o meio ambiente do planeta.

Poderíamos parar por aí e, ainda assim, estaríamos alguns séculos atrás de nossa sobrevivência, hoje em dia, mais avançadas obtidas pelas inovações.

E lá vem o descaramento que mora neste cronista. Apimento a abordagem entre seres humanos. Assemelham-se a quando fluídos, imanentes a certa idade, despertam o sexo como alimento de reprodução, melhor, quando induzidos por essenciais paixões.

Hoje em dia, basta um baile funk, que seja em meio a jovens pobres, condenados pelo capitalismo selvagem brasileiro, ou numa festa rica de casamento em Búzios (RJ) ou Guarujá (SP), determinados pelo mesmo motivo, em acasalamento oficializado ou prazer incontrolável, assim fazem humanos, animais e, por que não, vegetais.

Por acaso, você tem ideia de como é o orgasmo de uma raiz estuprando o solo para a formação de um caule? Uma beleza, pense.

Nem tudo, no entanto, é maravilhoso como um “barquinho a deslizar no macio azul do mar”. Na produção vegetal, animal ou humana, em certas ocasiões, acontecem situações de perversão. Investimentos demasiados, doses reforçadas de agrotóxicos, brigas nas matilhas, estupros hediondos, desmatamentos ilegais, desfaçatez gananciosa, desrespeito às leis e à moral.

Se nos casos amorosos o crescimento da perversão necessita de pouco investimento e muito mau-caratismo, na agricultura dá-se o inverso. Aumentam os investimentos e, no lugar do caráter, entra a ignorância. Ótimas inteligências, principalmente, em universidades, centros de pesquisas, grandes empresas com laboratórios especiais, ampla divulgação na mídia, tudo forma a credibilidade do produtor rural e o faz gastar mais do que precisaria.

Fortunas se fazem às custas de grandes agricultores, camponeses, caboclos, campesinos, sertanejos, tabaréus e, mais do que todos, ruralistas que se tornam políticos e formam os currais do atraso.

Mas como os “grandes” agem para produzir com produtividade, manter lucro e reproduzir suas capacidades de reinvestir? O colunista responde (depois não me venham com o papo de que generalizo):

A – Quem vende commodities para o mercado externo, adquire terras a baixos preços dos que, economicamente, estão prestes a se enforcar, e amplia suas áreas de lavoura;

B – Os que vendem esses mesmos produtos para o mercado interno, se aproveitam de governos que não se preocupam com a formação de estoques reguladores, repassam para os consumidores “brasilinos” (termo geriátrico) os preços cotados nas bolsas internacionais e o câmbio, dólar na cotação da época;

C – Se ainda assim houver excedente e a ganância for ainda maior do que o péssimo entendimento do capitalismo permitir, sempre haverá o spread da aplicação a juros “Roberto Campos, o Neto”;

D – E os demais? Ora, fuck them!

Serão, caboclos, camponeses, campesinos, lavradores, leiteiros, sertanejos e tabaréus, que aguentaram os quatro anos de RIP, o Regente Insano Primeiro, para não perderem a subsistência familiar, mas votaram nele.

São inúmeras as alternativas de menor custo e de maior produtividade. Mas como fazer para vocês acreditarem em mim, na ESASLQ, ABISOLO e nas ONGS que priorizam a sustentabilidade com produtividade, através do crescimento dos bioinsumos, orgânicos e biológicos, ainda que como complementos, adjuvantes, estimulantes?

Ora, dirão, baita cronista imbecil, retardado, de esquerda, comunista, antibolsonarista, nem mais o leiam, somente poderia escrever em CartaCapital. Procurem-no na Folha, Globo, Estadão, Veja. Lá é um ninguém, um bosta, se é que o conhecem.

Creio que não mesmo. Mas no próximo artigo irei escrever sobre o que eles não gostariam de saber, ou se o conhecem é por serem corruptos e não perderem os que os financiam e desprezam o jornalismo da verdade de CartaCapital e do GGN, de Luís Nassif, nos quais escrevo, há mais de 15 anos, sem interesse financeiro.

Inté! Se não mudar de ideia, continuarei no assunto. Só pra espicaçar a mídia nativa (apud Mino Carta).

Minha luta é a verdade. Inté!

E do amor, se eu mais durar:

 

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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