O ministro Fernando Haddad vem pedindo, há algum tempo, harmonia entre as políticas monetária e fiscal. Faz sentido. Em todos os países razoavelmente organizados, mesmo um BC autônomo se vê obrigado a coordenar as suas ações com as do Tesouro. Isto significa não só a troca regular de informações entre as duas instâncias, mas o cuidado de levar em conta as ações da outra parte na definição e implementação das suas. Se há alguma prevalência, esta é das autoridades fiscais, que representam o governo eleito.
Haddad não se limita a lançar apelos públicos em prol da harmonia. Vem fazendo o possível para aplacar o Banco Central e, mais importante, a base social da autoridade monetária – a Faria Lima, também conhecida como turma da bufunfa. Não é fácil, leitor, mas o ministro da Fazenda se esforça. Em janeiro, anunciou um pacote de ajuste fiscal. Em seguida, abandonou ou postergou a pretensão de aumentar as metas de inflação, aceitando os argumentos do BC de que isso seria contraproducente. Agora, em abril, anunciou um “arcabouço fiscal” com travas ao gasto público, na expectativa de convencer o BC e o mercado de que o risco fiscal será pequeno daqui para a frente.
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