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Bolsonaro no Jornal Nacional

As dificuldades do candidato ficaram mais visíveis. Até a repetição da “cola na mão” foi uma desgraça

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), durante sabatina no Jornal Nacional. Foto: Reprodução
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O que achei da entrevista? Bem, a minha primeira impressão foi que o senhor presidente da República esteve sempre à defesa. Em nenhum momento comandou a entrevista, em nenhum momento introduziu um tema novo ou deu uma resposta convincente. Seguiu, nunca liderou. Tento até concordar com seus apoiadores de que os entrevistadores foram firmes (firmes, não agressivos), como não é costume na política brasileira. Sim, não deixaram passar uma, e tivemos até de assistir ao momento penoso em que o presidente acusa o jornalista de fazer uma afirmação falsa e o jornalista, no fim da resposta, educadamente, apresenta a prova de que quem estava a faltar à verdade não era ele, mas o seu entrevistado: “O senhor chamou de canalha o ministro Alexandre de Moraes”. Momento singular.

A atitude rigorosa e sóbria dos jornalistas foi importante. A entrevista não foi fácil para o entrevistado, nem poderia ­sê-lo depois do que se passou nestes últimos quatro anos. Mas a atitude é importante também, a meu ver, pois ela reflete o sentimento majoritário dos brasileiros. Os jornalistas, no fundo, deram voz a esse sentimento – não, não estamos contentes com a tentativa de deslegitimar as eleições, não, não estamos satisfeitos com o que se passou na pandemia, no desmatamento, na evolução da economia, com a instabilidade governativa da área da educação. E também não estão satisfeitos com a aliança com o Centrão, não porque ela seja ilegítima, mas porque contraria uma promessa eleitoral. Este me parece ser o aspecto mais importante da entrevista, as perguntas dos jornalistas refletem o mal-estar do País com seu presidente.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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