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Para o sociólogo português, é necessária a união da esquerda contra os retrocessos
O Brasil tornou-se um território de experimentação neoliberal e o campo progressista terá de unir para tentar conter os enormes retrocessos que se desenham no horizonte. Esta é a avaliação do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, um dos mais lúcidos, ativos e influentes intelectuais em atividade.
O acadêmico foi o convidado do Direto da Redação de CartaCapital, que sempre às quintas-feiras recebe convidados para debater temas da atualidade. Sousa Santos passou por São Paulo, após um périplo de quase um mês por outras cidades brasileiras, para lançar um novo livro, “Na oficina do sociólogo artesão”, editado pela Cortez.
“No Brasil, nesse momento, é difícil que a gente se deixe de surpreender”, afirmou o sociólogo a respeito da eleição de Jair Bolsonaro. Sousa Santos não acredita, porém, que o atual ciclo, de ascensão da extrema-direita, esteja concluído. Ele cita os protestos dos “coletes amarelos” contra o governo do francês Emmanuel Macron, “eleito sob grandes expectativas”, mas que atravessa uma fase de baixíssima popularidade.
Sobre a possibilidade de formação de uma frente progressista no Brasil, a reunir as principais forças de oposição, ele não vê alternativa. “Seria ótima uma união das esquerdas brasileiros, para começo de conversa”.
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Para tanto, seria preciso retomar o trabalho de base e o diálogo com as classes populares. “Houve a ilusão de que as conquistas do campo progressista seriam irreversíveis”.
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
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