A vida sem BBB

Nunca mais vi um episódio, mas é impossível viver sem saber alguma coisa do programa, escreve Alberto Villas

Tiago Leifert, o apresentador do programa. Foto: Reprodução

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Há mais de duas décadas, impactado pelo grande irmão de George Orwell, que li na juventude, lembro-me bem, vi o primeiro BBB, acho que era mesmo o primeiro, com aquela trilha do Paulo Ricardo. Não me esqueço que tinha o Kleber Bambam e sua amiga Eugênia, de pau e ferro. A cena do choro nunca me saiu da cabeça.

Achei curioso acompanhar a vida de um grupo de pessoas trancafiado dentro de uma casa, sem rádio e sem notícias das terras civilizadas. Um experimento. Já no segundo, abandonei logo na primeira semana, quando saquei que aquilo virou apenas um jogo e uma máquina de fazer dinheiro pra televisão. Nada mais.

Não somente um jogo ou uma fábrica de fazer dinheiro, uma pequena comunidade de fofocas e intrigas, quem quer derrubar quem, quem vai trair quem, quem vai ficar com quem.

Ouvia as pessoas falando das bebedeiras nas festas, dos beijos inesperados, das brigas. Lembro-me vagamente de ouvir falar em prova de resistência, escolha do anjo, ir pro paredão, prova do líder, imunidade, edredom, essas coisas.

Lembro-me também do sucesso pós BBB de alguns, da Sabrina Sato, que venceu pela burrice, da Grazi Massafera, que venceu pelo talento, do Jean Willys, que venceu pela inteligência e luta. Tinha também um Alemão, não sei se venceu. Apenas bonitão.

Existem dezenas de ex-BBBs circulando por aí, pessoas que continuam se achando, crentes que todos estão sendo reconhecidos ou reconhecidas. Eu sou ex-BBB 9, disse uma vez uma morena na fila de um colégio em Ipanema, onde fui justificar o voto num dia de plantão carioca no antigo show da vida.


Nunca mais vi um episódio, mas é impossível viver sem saber alguma coisa do BBB. As noticias, cada uma mais tola que a outra, invadem a tela do computador e quantas vezes, sem muita agilidade parar apertar o botão do controle remoto, você acaba vendo uma cena aqui, outra ali, geralmente patéticas.

Este ano soube da participação da Karol Conká, que já conhecia um pouco do rap. Vi o tombo que levou, dos 99,17 por cento de reprovação. Respirei um pouco aliviado quando vi, na semana passada, que o BBB21 está chegando ao fim. Mas durou pouco esse alívio. Acabo de ver uma chamada no ar: Vem aí o No Limite!

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