A inflação na Zona do Euro alcançou, em junho, os 8,6%. Nove dos 19 países tiveram uma taxa acima dos 10%. Subitamente, regressou ao discurso político europeu a expressão “aumento do custo de vida”, linguagem que não se ouvia aqui há décadas. O Banco Central Europeu decidiu elevar as taxas de juro em 0,5%, aumento esse maior do que se esperava e que constitui também a maior alta nos últimos dez anos. Tudo indica, vai continuar. A época dos juros baixos parece estar a acabar. Ao mesmo tempo, a guerra continua na Ucrânia e a Rússia anunciou a redução do fornecimento do gasoduto Nord Stream 1 para 20% da sua capacidade. O preço do gás aumentou imediatamente. Enquanto isso, o primeiro-ministro inglês demitiu-se e a Itália decidiu ir para eleições. O horizonte europeu parece sombrio.
A crise italiana é um sinal muito surpreendente. A Itália é o país com a maior dívida na Zona do Euro e é também a sua terceira economia. O governo era liderado por alguém com prestígio nacional e internacional. No meio de tanta incerteza econômica, uma crise política num dos países mais importantes era tudo o que a Europa não precisava neste momento. A pergunta é, então, por quê? O que levou a coligação que sustentava o governo Mario Draghi a se dissolver?
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