A Academia nos tempos do golpe

A opção é sempre em torno de uma sociedade justa e contemporânea ou da manutenção da herança colonial

Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

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A manifestação de 11 de agosto no largo que abriga a Velha e Sempre Nova Academia de São Francisco despertou minhas recordações dos tempos de tormentos e desventuras que antecederam e se seguiram ao malfadado golpe de 1964.

No início dos anos 60, a sociedade brasileira vivia uma era de saudável e promissora agitação política. Na época batizado como “luta de classes”, o fenômeno era decorrência inevitável de quatro décadas de industrialização, modernização econômica e rápida transformação social. O progresso material das sociedades modernas suscita inconvenientes e transtornos, mas é mobilizador de energias e de ideias. Os sindicatos, as associações de classe e as organizações estudantis fervilhavam. Os centros acadêmicos, a UEE e a UNE não davam carteirinha para estudante pagar meia-entrada no cinema. Participavam ativamente do debate nacional.

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1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 13 de agosto de 2022 04h19
O professor Luiz Gonzaga Belluzzo teceu um nostálgico panorama das manifestações de outrora da festejada e famosa Faculdade de Direito do largo de São Francisco da USP com seus ricos personagens acadêmicos de vários matizes da esquerda à direita dentro do contexto da guerra fria, mas com propósitos nobres de transformação social, cultural e econômica do Brasil contra a ditadura de antanho. Hoje revivemos esse clima, mas com outra conjuntura política e outros personagens, embora alguns estejam revivendo aqueles tempos de chumbo. É a luta da razão e da defesa da democracia contra o ódio e a insensatez bolsonarista que hoje está em jogo com a manutenção das eleições de outubro e eleições livres contra a barbárie do negacionismo e pela defesa do voto impresso e ameaça de golpismo de milicos neofrotistas frustrados. Devemos viver sempre a democracia e jamais permitir o retrocesso.

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O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

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