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Último vice de Trump virou ‘traidor’ para a extrema-direita e sofreu ameaças de morte

Com J.D. Vance, o republicano reforça a aposta em um seguidor aparentemente leal para um possível novo governo

Último vice de Trump virou ‘traidor’ para a extrema-direita e sofreu ameaças de morte
Último vice de Trump virou ‘traidor’ para a extrema-direita e sofreu ameaças de morte
O ex-vice-presidente dos EUA Mike Pence. Foto: AFP
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Ao anunciar o senador J.D. Vance como seu candidato a vice-presidente, Donald Trump reforça a aposta em um aliado que, apesar do passado crítico, se mostrou leal nos últimos três anos. A pressão sobre o congressista, contudo, tende a se manter até os derradeiros segundos de um eventual novo governo.

O eleito para a eleição de 2016, Mike Pence jurou lealdade a Trump, mas terminou o mandato sob a pecha de traidor por não embarcar na trama que tentou impedir a certificação da vitória de Joe Biden em 2020. A conspiração levou à invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

Não à toa, Pence afirmou, em março deste ano, que não apoiaria Trump em sua tentativa de voltar à Casa Branca.

Após várias tentativas fracassadas de Trump e seus aliados de anular a votação de 2020, o então presidente encorajou seus apoiadores a marchar até o Capitólio, onde, aos gritos de “enforquem Mike Pence”, vandalizaram o prédio.

Já no início do ano passado, Pence afirmou que Trump terá de responder à história por seu papel no ataque ao Capitólio. “Eu não tinha o direito de reverter a eleição. E as palavras imprudentes dele colocaram em perigo a minha família e todos que estavam no Capitólio naquele dia. Sei que a história responsabilizará Donald Trump.”

J.D. Vance, por sua vez, larga bem na condição de candidato a vice-presidente aos olhos dos trumpistas. Logo após o atentado ao comício do último sábado 13, o senador foi às redes sociais para, sem provas, tentar ligar o atual governo ao ataque: “A premissa central da campanha de Biden é que o presidente Donald Trump é um fascista autoritário que deve ser detido a todo custo. Essa retórica levou diretamente à tentativa de assassinato do presidente Trump”.

Em 2016, quando Trump derrotou Hillary Clinton, Vance criticava de forma incisiva o republicano – a quem se referiu, por exemplo, como um “idiota”. Seis anos depois, contudo, já era considerado uma voz extremamente confiável a favor do ex-presidente no Congresso.

O senador seguiu um modus operandi comum na extrema-direita: em 2021, pediu desculpas e jurou lealdade. “Acho que o mais importante não é o que você disse há cinco anos, mas se você está disposto a se levantar e suportar a pressão e os golpes para realmente defender os interesses do povo americano”, justificou-se, na ocasião.

O compromisso de Vance com Trump e a agenda de um eventual novo governo do bilionário estará sob forte escrutínio da base republicana do primeiro ao último dia – e, possivelmente, além dele.

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