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Soldados de Israel travam combates dentro dos túneis do Hamas na Faixa de Gaza

Soldados israelenses enfrentam combatentes do Hamas dentro da vasta rede de túneis construídos pelo movimento islâmico sob as cidades da Faixa de Gaza

Palestinos buscam por sobreviventes nos escombros de prédios destruídos por bomberdeios israelenses em Raffah, no sul da Faixa de Gaza. © SAID KHATIB / AFP
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No 25° dia de guerra no Oriente Médio, soldados israelenses enfrentam combatentes do Hamas dentro da vasta rede de túneis construídos pelo movimento islâmico sob as cidades da Faixa de Gaza. As operações militares israelenses continuam a avançar “metodicamente” no enclave palestino, segundo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que exclui qualquer possibilidade de um cessar-fogo no momento.

Destruir ou interromper os acessos que facilitem o trânsito de armas e combatentes dentro da rede de 500 km de túneis utilizados pelo Hamas é uma prioridade estratégica para Israel, desde o ataque terrorista de 7 de outubro, que deixou mais de 1.400 mortos mortos no território judeu.

Na terça-feira (30), as Forças Armadas de Israel bombardearam cerca de 300 alvos na Faixa de Gaza, incluindo “posições de lançamento de mísseis antitanque e foguetes enterrados em esconderijos, bem como complexos militares localizados em túneis subterrâneos pertencentes à organização terrorista Hamas”, indicou o Exército em um comunicado de imprensa.

Combatentes do Hamas responderam com disparos de mísseis antitanque e armas automáticas. De acordo com a nota militar, “soldados mataram esses terroristas e pediram à força aérea para atingir alvos e a infraestrutura do terror em tempo real”.

Ataques perto de hospital em Gaza

O Crescente Vermelho palestino expressou grande preocupação com os ataques registrados perto de um de seus hospitais no norte da Faixa de Gaza, onde 14 mil civis estão refugiados para fugir dos bombardeios israelenses.

O diretor do hospital afirma ter recebido uma ordem do Exército israelense para esvaziar o local – um pedido “profundamente preocupante”, diz o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adanon Gebreyesus, que alerta ser impossível esvaziar um hospital sem colocar a vida de pacientes em perigo.

Na rede social “X”, antigo Twitter, o Crescente Vermelho palestino aponta “ataques de artilharia e aéreos contínuos na área de Tel al Hawa em Gaza, onde fica o hospital Al Quds. “O edifício treme e os civis deslocados, assim como as equipes de trabalho, sentem medo e pânico”, acrescentou. A organização já havia relatado bombardeios nesta área no domingo à noite.

Israel já acusou diversas vezes o Hamas de utilizar hospitais para esconder armas e combatentes, o que o movimento radical islâmico palestino nega.

Segundo um balanço atualizado de vítimas divulgado pelo Ministério da Saúde do Hamas, o conflito já matou 8.525 palestinos na Faixa de Gaza.

A ONU evoca uma situação humanitária “desastrosa” no enclave. A Organização Mundial da Saúde estima que os bombardeios incessantes de Israel têm provocado “distúrbios psicológicos graves ou moderados” em “mais de 485 mil habitantes” desse território palestino. Ainda de acordo com a OMS, 1.870 pessoas, incluindo 1.020 crianças, estão desaparecidas e podem estar sob os escombros.

Netanyahu sob pressão da opinião pública

O governo israelense também é pressionado pela opinião pública sobre a questão dos 229 reféns mantidos em cativeiro pelo Hamas. Apenas quatro foram libertados até o momento.

Já criticado pelas famílias por ter intensificado os bombardeios que representam um risco para os reféns, Netanyahu está agora no centro de uma polêmica por não ter agido para evitar a invasão do Hamas. Um de seus aliados, o ex-ministro da Defesa, Avigdor Liberman, revelou no fim de semana a existência de um documento secreto que descrevia com precisão o cenário do ataque de 7 de outubro, com a ofensiva nas aldeias israelitas, o risco de tomada de reféns e os limites da barreira de segurança destinada a proteger o sul de Israel da invasão de combatentes dos grupos armados palestinos.

Liberman assinou esta nota e diz ter entregue pessoalmente as informações do Serviço de Inteligência a Netanyahu.

Familiares de reféns chegam à França para pedir ajuda

A França tem nove cidadãos desaparecidos desde o ataque do Hamas e suspeita que eles sejam reféns dos combatentes palestinos. Cerca de dez famílias de franco-israelenses sequestrados aterrissaram nesta terça-feira (31) em Paris para tentar mobilizar o governo francês sobre a questão. Eles encontrarão políticos franceses e serão acolhidos na Embaixada de Israel em Paris.

O ministro das Relações Exteriores da Tailândia, Parnpree Bahiddha-Nukara, iniciou uma visita ao Catar e ao Egito para discutir uma mediação visando a liberação dos 22 reféns tailandeses na Faixa de Gaza. Depois de Israel e da França, que tem o maior número de estrangeiros mortos no ataque do Hamas (35), a Tailândia é o terceiro país com mais vítimas (32) desde o início do conflito. Cerca de 30 mil tailandeses vivem em Israel, a maioria trabalhadores no setor agrícola.

O Conselho de Segurança da ONU fracassou novamente na segunda-feira, pela sétima vez consecutiva, a aprovar uma resolução sobre a guerra entre Israel e o Hamas. O Brasil deixa, assim, a presidência rotativa do órgão sem conseguir adotar uma medida em prol da questão humanitária em Gaza.

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