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Sobrevivente relata explosão em barco que naufragou na Itália; ao menos 8 crianças morreram

Até o início da tarde, as equipes de resgate haviam retirado do mar 59 corpos

Registro das ações de resgate após o naufrágio na Itália, em 26 de fevereiro. Foto: Stringer/Ansa/AFP
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O naufrágio de um barco na costa da Calábria, sul da Itália, provocou a morte de dezenas de migrantes neste domingo 26. Até o início da tarde, as equipes de resgate haviam retirado do mar 59 corpos, entre eles o de oito crianças, e cerca de 80 sobreviventes. Uma das testemunhas relatou uma explosão a bordo antes da tragédia.

O naufrágio aconteceu na madrugada de domingo, quando o barco tentava alcançar a costa da cidade de Cutro. A embarcação era uma das centenas que se arriscam nas águas do Mar Mediterrâneo todos os anos carregando a esperança de refugiados de chegarem à União Europeia a partir da Turquia.

Ainda não se sabe ao certo quantas pessoas havia no barco no momento do naufrágio, mas os relatos variam entre 180 e 250 migrantes, segundo a imprensa local.

Cerca de 80 pessoas foram resgatadas com vida. Entre os sobreviventes, cidadãos vindos do Irã, do Paquistão, do Afeganistão e da Síria, a maioria com menos de 30 anos, segundo informações da rádio italiana RAI.

Na tarde deste domingo, as equipes continuavam o resgate. O fim das buscas, no entanto, parece longe. O mar agitado e o vento atrapalham o andamento dos trabalhos, de acordo com o Corpo de Bombeiros.

As autoridades temem que o número de mortos desta tragédia possa chegar a cem.

Explosão dentro do barco

As autoridades italianas foram alertadas de que havia um barco de migrantes com problemas na costa calabresa por uma ligação anônima por volta das 4h. Contudo, não havia informações precisas sobre os problemas da embarcação, já que a pessoa ao telefone tinha dificuldades para se comunicar em inglês.

Desde a manhã de domingo, equipes de bombeiros, policiais e a Cruz Vermelha fazem buscas no mar e ao longo da praia por corpos e sobreviventes. Nas imagens divulgadas pela polícia italiana, é possível observar pedaços de madeira espalhados ao longo da praia.

Alguns dos migrantes já haviam alcançado a praia a nado, mas muitos seguiam nas águas geladas quando as equipes chegaram, de acordo com a imprensa local.

As equipes policiais e de resgate tentam reunir informações sobre o acidente a partir de relatos dos sobreviventes. Uma testemunha afirmou que houve uma explosão no barco, com várias pessoas queimadas, antes do naufrágio.

Em entrevista à rádio italiana, um dos homens que trabalham no resgate confirmou haver marcas de queimaduras em alguns dos corpos resgatados.

Das 80 pessoas resgatadas com vida, 21 tiveram de ser enviadas para o hospital, entre elas um menino de 9 anos.

Entre as vítimas, muitas mulheres e, ao menos, oito crianças. O corpo de um bebê de poucos meses foi encontrado.  A sala de esportes da cidade de Cutro foi improvisada para receber os corpos da tragédia.

A primeira-ministra Giorgia Meloni, líder do partido de extrema-direita Fratelli d’Italia, expressou “profunda dor” e salientou ser “criminosa a saída ao mar de uma embarcação de apenas 20 metros com 200 pessoas a bordo com uma previsão de tempo ruim”.

Rota de entrada

A situação geográfica da Itália faz do país um destino preferencial para os demandantes de asilo que viajam para a Europa.

Roma critica há vários anos o número de chegadas a seu território. De acordo com o Ministério do Interior, quase 14 mil migrantes entraram na Itália desde o início do ano, contra 5,2 mil no mesmo período no ano passado.

O presidente italiano, Sergio Mattarella, afirmou neste domingo ser imprescindível o empenho da União Europeia para resolver essa crise.

Extrema-direita italiana acusa ONGs de ajudar imigração ilegal

O governo de extrema-direita critica as ONGs que trabalham no resgate de migrantes, acusando esses grupos de estimularem as viagens e encorajarem a continuidade do trabalho dos traficantes.

Recentemente, uma lei que reduz a capacidade de trabalho dessas ONGs foi aprovada no país. A nova legislação limita os navios humanitários a fazerem apenas um resgate por saída ao mar, o que, segundo os críticos da medida, aumenta o risco de mortes no Mediterrâneo.

“É inaceitável do ponto de vista humano e incompreensível. Por que estamos aqui testemunhando tragédias que podem ser evitadas?”, reagiu a ONG Médicos Sem Fronteiras no Twitter.

A travessia do Mediterrâneo é considerada a mais perigosa do mundo para os migrantes.

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