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Naufrágio de barco de migrantes deixa mais de 40 mortos na Itália

A extrema-direita chegou ao poder em outubro com uma coalizão que prometeu a redução da chegada de migrantes ao país

Registro das ações de resgate após o naufrágio na Itália, em 26 de fevereiro. Foto: Stringer/Ansa/AFP
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Mais de 40 migrantes, incluindo um bebê, morreram em um naufrágio neste domingo 26 na costa da Itália, perto da cidade de Crotone, na Calábria, poucos dias após a aprovação de uma polêmica lei sobre o resgate de migrantes no mar.

“Até o momento, 80 pessoas foram resgatadas, algumas conseguiram chegar à costa após o naufrágio e 43 corpos foram encontrados”, diz um comunicado divulgado pela Guarda Costeira.

De acordo com as equipes de resgate, a embarcação transportava mais de 120 pessoas e bateu contra rochas a alguns metros da costa. O Corpo de bombeiros afirmou que mais de 200 pessoas estavam a bordo.

Nas imagens divulgadas pela polícia italiana, é possível observar pedaços de madeira espalhados pela praia, para onde se dirigiram as equipes de emergência, enquanto os resgatados aguardavam a transferência para um centro de acolhimento.

A primeira-ministra Giorgia Meloni, líder do partido ‘Fratelli d’Italia’, de extrema-direita, expressou “profunda dor” em um comunicado e afirmou ser “criminoso enviar ao mar uma embarcação de apenas 20 metros com 200 pessoas a bordo e com uma previsão do tempo ruim”.

O Papa Francisco expressou sua “dor” e afirmou rezar “por cada um, pelos desaparecidos e para os outros migrantes que sobreviveram”.

O presidente da República da Itália, Sergio Mattarella, disse que muitos migrantes eram procedentes do Afeganistão e do Irã, “fugindo de condições muito difíceis”.

O naufrágio aconteceu poucos dias após a aprovação no Parlamento italiano de novas e polêmicas regras para o resgate de migrantes, apoiadas pelo governo de direita radical.

“Imigração clandestina”

Meloni chegou ao poder em outubro com uma coalizão que prometeu a redução da entrada de migrantes no país.

A nova lei obriga os navios humanitários a fazer apenas um resgate por saída ao mar, o que, segundo os críticos da medida, aumenta o risco de mortes no Mediterrâneo central, área considerada a travessia mais perigosa do mundo para os migrantes.

Para o ministro italiano do Interior, Matteo Piantedosi, a “tragédia demonstra como é absolutamente necessário lutar de maneira firme contra as redes de imigração clandestina”.

A situação geográfica da Itália faz do país um destino preferencial para os demandantes de asilo que viajam do norte da África à Europa.

Roma critica há vários anos o número de chegadas a seu território. De acordo com o Ministério do Interior, quase 14 mil migrantes entraram na Itália desde o início do ano, contra 5,2 mil no mesmo período no ano passado e 4,2 mil em 2021.

Embora as ONGs resgatem apenas um pequeno percentual deles – a maioria é interceptada pela Guarda Costeira ou por navios da Marinha -, o governo as acusa de estimular as viagens e de encorajar os traficantes com suas operações.

“As pessoas no mar devem ser resgatadas independente do custo, sem penalizar quem as ajuda”, afirmou no Twitter Carlo Calenda, ex-ministro e líder do partido centrista Azione.

“É inaceitável do ponto de vista humano e incompreensível. Por que estamos aqui testemunhando tragédias que podem ser evitadas?”, reagiu a ONG Médicos Sem Fronteiras no Twitter.

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