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Sindicatos prometem parar a França, em primeira greve após aprovação da reforma da Previdência
Para os sindicatos, o ‘novo grande dia de greves e manifestações’ marcado para quinta será decisivo
Os sindicatos organizam mobilizações em toda a França nesta quinta-feira (23). Esta será o primeiro dia de greve nacional desde que o governo decidiu usar o artigo 49 alínea 3 da Constituição francesa para aprovar a reforma da Previdência sem votação na Assembleia Nacional.
Desde a aprovação da reforma da Previdência na última quinta-feira (16), mobilizações espontâneas ou anunciadas contra a reforma das aposentadorias se multiplicaram por toda a França. Mas, para os sindicatos, o “novo grande dia de greves e manifestações” marcado para quinta será decisivo. Será a oportunidade de mostrar a força do movimento social ao presidente Emmanuel Macron, que insiste em adotar uma reforma rejeitada pela maioria da população.
Cerca de 250 manifestações estão previstas para quinta-feira, de acordo com convocações dos sindicatos para este nono dia de mobilização contra a reforma da Previdência. Um número comparável aos dias anteriores de protestos.
O transporte ferroviário será gravemente afetado. Além da greve parcial na empresa SNCF, está prevista uma paralisação em massa do tráfego nesta quinta. Um porta-voz da empresa recomenda aos viajantes que cancelem ou adiem suas viagens.
Metrôs e na rede de trens suburbanos também serão fortemente afetados. De acordo com a RATP, empresa responsável pelos transportes urbanos de Paris, 23 de março promete ser bem mais conturbado que dia 16, quando aconteceu a última mobilização.
Em um comunicado divulgado esta terça-feira, a RATP “prevê um tráfego muito perturbado”, em Paris. Mas o trânsito estará “quase normal” nas redes de ônibus e bondes. A empresa pede a “todos os viajantes que tenham a possibilidade de privilegiar o teletrabalho ou de adiar seus deslocamentos” que o façam.
A Direção-Geral de Aviação Civil (DGAC) pediu às companhias aéreas que cancelem 30% de seus voos em Paris-Orly e 20% em outros aeroportos, principalmente domésticos, devido à greve dos controladores de tráfego aéreo.
Professores mobilizados
Entre 40 e 50% dos professores primários também devem parar, de acordo com o Snuipp-FSU, principal sindicato de creches e escolas primárias.
O sindicato espera fortes mobilizações em departamentos como Bouches-du-Rhône, Pireneus-Orientais ou Haute-Vienne com mais de 50% dos grevistas, Seine-Saint-Denis (55%) ou mesmo Paris com 70% dos professores em greve.
“Torna-se um verdadeiro sacrifício para os professores fazer greve dado o contexto salarial da escola”, comentou a secretária-geral, Guislaine David, se referindo ao fato que os dias de greve são abatidos na folha de pagamento dos docentes.
São prometidos novos cortes de energia nesta quinta. Desde o início do conflito social, os cortes de energia sobretudo nas sedes parlamentares e nas casas dos dirigentes políticos se multiplicaram ao longo das semanas. Os sindicatos do setor de energia prometem novos cortes “orientados” para o “capital”, “aqueles que nos governam” e “aqueles que são pela lei”.
A greve dos funcionários de limpeza urbana vai continuar na capital até pelo menos segunda-feira (27), segundo a CGT. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, criou uma unidade de crise à medida que o lixo se acumula.
Foto: ALAIN JOCARD / AFP
“Desrespeito aos franceses”
Nesta quarta-feira, o presidente francês Emmanuel Macron deu uma entrevista aos dois principais canais de tevê da França, onde defendeu a reforma, dizendo que era “necessária” e “justa”.
As declarações do chefe de Estado causaram revolta nos líderes sindicais e de partidos de esquerda contrários à reforma, que acusam Macron de “desrespeito aos franceses” e de “viver fora da realidade”.
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