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Senadores americanos anunciam acordo para limitar a violência com armas de fogo

O acordo, ainda tímido, inclui mais rigor no controle de antecedentes para compradores de armas com menos de 21 anos e o combate ao comércio ilegal

Armas registradas nos EUA. Foto: Robyn Beck / AFP (2017)
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Um grupo bipartidário de senadores dos Estados Unidos anunciou neste domingo (12) um acordo para limitar a violência com armas de fogo, mas as medidas incluídas estão longe das demandas apresentadas pelo presidente Joe Biden, após recentes tiroteios.

Lançado após os massacres de maio em uma escola no Texas e em um supermercado em Nova York, o acordo inclui mais rigor no controle de antecedentes para compradores de armas com menos de 21 anos e o combate ao comércio ilegal, além do aumento dos recursos para que os estados mantenham tais armamentos fora das mãos de pessoas consideradas de risco.

O apoio de pelo menos dez republicanos permite que o projeto obtenha os 60 votos necessários para avançar no Senado, dividido entre as duas forças políticas, com 50 cadeiras cada.

“Hoje anunciamos uma proposta bipartidária de senso comum para proteger as crianças americanas, manter nossas escolas seguras e reduzir a ameaça da violência em todo o país”, afirma um comunicado conjunto do grupo de 20 congressistas, democratas e republicanos.

“Nosso plano aumenta os recursos necessários para saúde mental, melhora a segurança escolar e o apoio aos estudantes, além de ajudar a garantir que os criminosos perigosos e os que são considerados como pacientes mentais não possam comprar armas”, afirma o texto.

Os senadores também pediram um investimento maior em serviços de saúde mental e para a segurança nas escolas, assim como a inclusão das condenações por violência doméstica e as ordens de restrição no banco de dados nacional de verificação de antecedentes.

Biden celebrou o anúncio e pediu aos congressistas que aprove o acordo rapidamente, mas deixou claro que as medidas não são tão profundas como gostaria.

“Obviamente, não inclui tudo o que acho necessário, mas reflete passos importantes na direção correta e seria a legislação sobre segurança de armas mais significativa a ser aprovada no Congresso em décadas”, disse o presidente em um comunicado.

“Com o apoio bipartidário, não há desculpas para o atraso”, acrescentou.

Os líderes democrata e republicano do Senador, Chuck Schumer e Mitch McConnell, respectivamente, deram seu apoio a esse acordo.

O presidente havia solicitado reformas ainda mais profundas, como a proibição das vendas públicas de fuzis ou pelo menos o aumento da idade mínima de compra de tais armas, assim como reforço dos comprovantes de antecedentes do cliente.

Controle de “uma minoria”

A Câmara de Representantes, controlada pelos democratas, aprovou um amplo pacote de propostas que incluía o aumento da idade de compra da maioria dos fuzis semiautomáticos de 18 para 21 anos.

Mas o partido não tem os 60 votos necessários para avançar o pacote no Senado, o que deixa o acordo bipartidário como a única esperança de medidas federais para enfrentar a violência com armas de fogo no país.

“Esse pacote tomará medidas para salvar vidas”, saudou a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi. Ela acredita, porém, que mais precisa ser feito, incluindo verificações de antecedentes de todos os compradores e a proibição de carregadores de alta capacidade.

Os frequentes tiroteios em massa provocaram uma indignação generalizada nos Estados Unidos, onde a maioria das pessoas apoia leis mais duras sobre armas. Mas a oposição de muitos legisladores e eleitores republicanos é, há muito tempo, um obstáculo para grandes mudanças.

Apesar de enfraquecida por esses tiroteios e por um processo do Procurador-Geral do Estado de Nova York, a Associação Nacional de Rifle, o principal lobby pelo direito de comprar e portar armas, continua exercendo uma influência considerável em Washington.

“A mídia, os políticos de esquerda e os ativistas que odeiam armas estão intimidando os membros da NRA e os proprietários de armas porque querem que nós rendamos. Não vamos dobrar os joelhos”, disse a associação no sábado em uma publicação no Twitter.

Nesse mesmo dia, milhares de pessoas saíram às ruas de várias cidades dos Estados Unidos para exigir medidas mais duras contra a violência armada.

“A vontade do povo americano está sendo subvertida por uma minoria”, disse a manifestante Cynthia Martins, de 63 anos, em Washington.

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