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Senado da França aprova aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos

Mesmo diante de protestos, o polêmico artigo foi aprovado sem surpresas; a câmara alta é dominada pelos conservadores, favoráveis à reforma da Previdência

Na França, Senado deu 201 votos a favor e 115 contra o artigo que aumenta a idade para a aposentadoria no País. Foto: Alain JOCARD / AFP
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A mobilização contra a reforma da Previdência na França segue forte enquanto o governo se mantém impassível à revolta da população. Durante a madrugada desta quinta-feira (9), o Senado aprovou o artigo que prevê o aumento da idade mínima da aposentadoria dos 62 para os 64 anos, por 201 votos a favor e 115 contra.

“Macron, você está ouvindo?” é a manchete do jornal Libération que chegou às bancas nesta manhã. O diário estampa sua capa com uma caricatura do presidente francês, com uma expressão blasé, enquanto os dois principais líderes sindicais da França, Laurent Berger e Philippe Martinez, gritam nas orelhas de Macron: “Estamos aqui!”.

“Sem reação até agora diante da mobilização, o presidente tem o desafio de receber as centrais sindicais”, diz a chamada de capa do Libé. Em editorial, intitulado de “Desprezo”, o diário afirma que Macron se mantém “surdo aos pedidos dos líderes dos sindicatos que querem desesperadamente encontrá-lo”. Para o diário, não há dúvidas de que o presidente francês tenta ganhar tempo, mesmo que a população continue nas ruas, até que o projeto de lei seja aprovado pela Assembleia, onde o partido governista é majoritário.

“O Senado vota a aposentadoria aos 64 anos” é o título de uma matéria do jornal Le Parisien. Os parlamentares aprovaram, exatamente à 0h11, o controverso artigo 7 que tanto incendeia a oposição. Nenhuma surpresa para qualquer dos lados desta batalha, diz o texto, já que a câmara alta é dominada pelos conservadores, favoráveis à reforma da Previdência.

Enquanto isso, os grupos socialista, comunista e ecologista do Senado francês pretendem acionar o Conselho Constitucional – órgão do governo que rege os princípios e regras do país – para denunciar “a guerrilha” que marcou o debate na noite de quarta-feira (8).

Tensão se acirra no Senado

O jornal Le Figaro descreve o clima pesado entre os senadores durante a análise deste controverso artigo, o mais contestado do projeto de lei da reforma da Previdência. “Batalhas de emendas, pausas da sessão, bate-bocas, o ânimo se acirrou no Senado”, ressalta.

O diário traz algumas das declarações polêmicas trocadas entre os senadores, como as de Bruno Retailleau, presidente do grupo do partido Republicano, de direita, que utilizou linguajar de guerra para se referir à oposição, afirmando ser necessário “retaliar” às “manobras” da esquerda.

Expressões fortes também foram utilizadas pelos senadores progressistas que consideraram “vergonhosa” a estratégia dos conservadores de acelerar a análise do texto para votá-lo rapidamente. “Lembrem-se da responsabilidade que vocês têm diante da população! (…) A atitude de vocês é lamentável”, disse Guillaume Gontard, presidente do grupo ecologista. Irritado com a realização da votação após a análise apenas da metade do texto do artigo 7, ele apontou “censura” por parte da direita, estratégia classificada por ele como “desastrosa”.

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