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Sem negociação com Israel, reféns vivos na Faixa de Gaza não serão libertados, diz Hamas

A cidade de Khan Younis, no extremo sul da Faixa de Gaza, continua sendo alvo de intensos combates terrestres e dos bombardeios israelenses nesta segunda-feira

Foto: Jack Guez/AFP
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A cidade de Khan Younis, no extremo sul da Faixa de Gaza, continua sendo alvo de intensos combates terrestres e dos bombardeios israelenses nesta segunda-feira (11). No domingo (10), o grupo Hamas declarou que não libertará os reféns que mantém “vivos” se não houver a retomada das negociações com Israel

De acordo com Abu Obeida, porta-voz das Brigadas al-Qassam, a ala militar do Hamas, nenhum dos reféns na Faixa de Gaza sairá “vivo” do enclave sem “uma troca, negociação, e sem responder às demandas da resistência”.

No final de novembro, uma trégua negociada pelos Estados Unidos, o Egito e o Catar resultou na libertação cerca de 100 dos cerca de 240 reféns mantidos pelo Hamas e grupos aliados, desde o ataque do dia 7 de outubro.

Com o fim da pausa nos combates em 1º de dezembro, que durou sete dias, Israel prometeu que tentaria libertar 137 reféns que continuam presos em Gaza.

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, dezenas de pessoas morreram durante a noite de domingo nos ataques. A Jihad Islâmica, o segundo maior movimento islâmico armado palestino, afirmou que um de seus combatentes explodiu uma casa em uma área da Cidade de Gaza, onde soldados israelenses tentavam identificar a entrada de um túnel subterrâneo.

De acordo com o exército israelense, em Khan Younis combatentes palestinos “emergem de túneis”, “descartam explosivos” e disparam “lançadores de foguetes”. O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, Herzi Halevi, disse no domingo que as forças israelenses estão obtendo resultados significativos.

Fuga em massa

Na Faixa de Gaza, a população civil está acuada em um perímetro cada vez menor e o sistema de saúde corre o risco de “entrar em colapso”. Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa Gaza desde 2007, quase 18 mil pessoas morreram no território palestino desde o início da ofensiva israelense, a grande maioria mulheres e menores de idade.

De acordo com o exército israelense, 101 soldados morreram desde o início de sua ofensiva terrestre na Faixa de Gaza.

Os bombardeios israelenses reduziram bairros inteiros a escombros e a população tenta escapar dos combates fugindo para o sul, que agora também está sendo atacado. Segundo a ONU, 1,9 milhão de pessoas foram deslocadas pela guerra, ou 85% da população do território.

O exército israelense pediu à população civil de Gaza que busque abrigo em “áreas seguras” para escapar dos combates. Mas esse pedido foi criticado pela coordenadora humanitária da ONU para os Territórios Palestinos, Lynn Hastings, que não teve o visto renovado por Israel.

“Esta é uma declaração unilateral de uma potência que afirma que uma região ocupada, sem infraestrutura, comida, água e saúde, pode ser segura em alguns setores. Esta declaração não significa nada”, criticou.

Milhares de habitantes de Gaza tentam fugir de carro, caminhão ou a pé. A passagem de Rafah, na divisa com o Egito, foi transformada em um acampamento provisório, onde centenas de barracas foram erguidas às pressas, com pedaços de madeira, lençóis plásticos ou de tecido.

Segundo o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, o sistema de saúde está “de joelhos” em Gaza e a organização aprovou uma resolução pedindo ajuda humanitária imediata para o território sitiado. De acordo com a ONU, a alimentos, medicamentos e combustíveis destinados à Faixa de Gaza não conseguem chegar à passagem de Rafah, no Egito.

ONU envia grupo à fronteira

O Conselho de Segurança da ONU não conseguiu votar na sexta-feira um “cessar-fogo humanitário imediato”, já que Washington bloqueou a resolução proposta pela organização. A Assembleia Geral da ONU deverá reunir-se nesta terça-feira (12) para discutir a situação no enclave.

O rascunho do texto reproduz em grande parte a resolução rejeitada na sexta-feira. O documento cita a “situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza” e exige “um cessar-fogo humanitário imediato”, além da libertação “imediata e incondicional” de todos os reféns.

“Um cessar-fogo neste momento só protelaria o problema porque o Hamas continua ativo e com planos de realizar outros ataques similares aos de 7 de outubro”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ao canal CNN.

Um grupo de enviados do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) devem viajar para a fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza nesta segunda-feira (11). O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou na semana passada que milhares de pessoas em Gaza estão “simplesmente passando fome”.

Os Emirados Árabes Unidos organizaram a viagem para Rafah, onde a ajuda humanitária e as entregas de combustível têm sido limitadas. Os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU negociam a resolução elaborada pelos Emirados Árabes Unidos que exige que as partes em conflito “autorizem o uso de todas as rotas terrestres, marítimas e marítimas para a entrega de ajuda ao enclave.

A resolução também prevê a criação de um mecanismo de acompanhamento da ajuda monitorado pelas Nações Unidas. A data em que o projeto de resolução pode ser apresentado ainda não foi definida.

A representante dos Emirados Árabes Unidos na ONU, Lana Nusseibeh, disse que o objetivo da visita é “entender o que é mais urgente e necessário em termos de ampliação das operações humanitárias, para responder às necessidades do povo palestino em Gaza”. Ela esclareceu que esta não é visita oficial do Conselho de Segurança.

Violência na Cisjordânia

A guerra também aumentou a violência na Cisjordânia ocupada, onde mais de 260 palestinos foram mortos por soldados ou colonos israelenses desde o início do conflito, segundo a Autoridade Palestina.

A força aérea israelense realizou ataques durante a noite em diferentes áreas dos subúrbios de Damasco, de acordo com a agência oficial de notícias SANA, principalmente contra “locais do Hezbollah”, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

O exército israelense disse ter respondido aos disparos do Líbano com ataques a “alvos” do Hezbollah, aliado do Hamas, e do Irã, inimigo de Israel.

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