Mundo

Rússia convida especialistas da ONU para investigarem ataque à prisão de Olenivka

Russos e ucranianos se acusam mutuamente de mortes de dezenas de prisioneiros de guerra em bombardeio

Imagem de parte destruída da prisão de Olenivka, onde estavam os prisioneiros de guerra ucranianos retirados da usina de Azovstal. Foto: AFP
Apoie Siga-nos no

A Rússia convidou especialistas das Nações Unidas e da Cruz Vermelha para investigarem as circunstâncias das mortes de dezenas de prisioneiros de guerra ucranianos nesta sexta-feira 29 na prisão de Olenivka, localizada na parte da região de Donetsk governada pelos separatistas pró-Rússia, revelou o Ministério da Defesa russo neste domingo 31.

Os separatistas acusam o exército ucraniano de bombardear a prisão com a ajuda de diversos lançadores de foguetes americanos Himars. A Ucrânia nega qualquer responsabilidade e acusa o exército russo de ter bombardeado a prisão para esconder os maus-tratos infligidos aos detidos.

Com o avanço da ofensiva russa, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu na noite deste sábado 30 aos moradores de Donetsk que deixem a região para escapar do “terror russo” e dos bombardeios neste território no leste do país, em grande parte sob controle de Moscou.

“Foi tomada uma decisão do governo sobre o esvaziamento obrigatório da região de Donetsk”, disse o chefe de Estado em um discurso em vídeo. “Por favor, saiam”, ele pediu. “Quanto mais moradores deixarem a região de Donetsk agora, menos pessoas o exército russo matará.” “Nesta fase da guerra, o terror é a principal arma da Rússia”, enfatizou.

Durante esta noite de sábado para domingo, o exército ucraniano relatou ataques de artilharia russa, particularmente em Bakhmout e Kramatorsk, próximos à linha de frente. Na frente sul, a cidade de Mykolaiv foi fortemente atingida por bombardeios, “provavelmente o mais forte de todos os tempos”, de acordo com seu prefeito.

“Fortes explosões foram ouvidas entre 1h e 5h. Muitas coisas foram destruídas, prédios residenciais foram danificados. Diversos incêndios ocorreram nos locais afetados”, descreveu Oleksandr Senkevych no Telegram.

Supersônico

Meio à escalada de violência e às trocas de acusações entre os dois países em conflito, o presidente Vladimir Putin anunciou neste domingo que a Marinha russa irá adquirir “nos próximos meses” um novo míssil de cruzeiro hipersônico Zircon, que “não conhece obstáculos”.

A Marinha russa “é capaz de infligir uma resposta devastadora a todos aqueles que decidirem minar nossa soberania e liberdade”, assegurou Putin, durante um desfile naval em São Petersburgo, sublinhando que seu equipamento militar “se submete a uma melhoria contínua”.

Com um alcance máximo de cerca de mil quilômetros, os mísseis de cruzeiro Zircon pertencem a um grupo de novas armas desenvolvidas pela Rússia e que o chefe de Estado descreve como “invencíveis”. Seus testes são realizados desde outubro de 2020.

O anúncio acontece quando a Ucrânia, por sua vez, negou neste domingo ter atacado a sede da Marinha russa do Mar Negro na Crimeia com um drone, um ataque que feriu seis pessoas, de acordo com Moscou. As acusações de “um suposto ataque ucraniano à sede da frota russa em Sebastopol” são “uma provocação deliberada”, declarou o porta-voz da administração regional de Odessa, Sergii Brachuk, em um comunicado. “A libertação da Crimeia ucraniana ocupada acontecerá de outra maneira muito mais eficiente”, acrescentou.

“Esta manhã, os nacionalistas ucranianos decidiram estragar o nosso Dia da Marinha Russa”, comemorado na Rússia neste domingo, escreveu no Telegram governador desta cidade da península anexa da Crimeia, Mikhail Razvozjayev. Ele especificou que um drone havia pousado no pátio do Estado-maior da Marinha.

Grãos

Em paralelo ao conflito, um primeiro carregamento de grãos ucranianos para exportação pode deixar os portos do Mar Negro nesta segunda-feira 1 revelou um porta-voz do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

“Se todas as modalidades forem concluídas até lá, parece haver uma forte possibilidade de que o primeiro navio parta amanhã (segunda-feira)”, declarou Ibrahim Kalin ao canal turco Kanal 7.

A Turquia, que controla o estreito do Mar Negro, contribuiu com as Nações Unidas para a conclusão de um acordo, assinado em 22 de julho entre a Rússia e a Ucrânia, sobre a retomada das exportações de grãos bloqueadas pela guerra na Ucrânia.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo