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Rota do hidrogênio verde entre Península Ibérica e França vai operar em 2030

França, Espanha e Portugal são promotores deste projeto de energia renovável que pode custar cerca de 2,5 bilhões de euros

Imagem da cerimônia de inauguração da primeira plataforma de hidrogênio verde da França, a Sealhyfe - Foto: Lhyfe
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O ambicioso gasoduto “verde” entre a Península Ibérica e a França estará operacional em 2030 e custará cerca de 2,5 bilhões de euros — anunciaram nesta sexta-feira 9 os líderes de França, Espanha e Portugal, promotores deste projeto apoiado por Bruxelas.

O gasoduto será concluído “em 2030”, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, após um encontro com os chefes de Governo espanhol e português, Pedro Sánchez e António Costa, respectivamente, em Alicante, leste da Espanha.

Seu custo “poderá rondar os 2,5 bilhões de euros” (em torno de 2,6 bilhões de dólares), disse Sánchez, que destacou que o gasoduto vai transportar cerca de dois milhões de toneladas de hidrogênio por ano, em torno de 10% do consumo europeu.

O corredor terá dois trechos, um entre Portugal e Espanha, precisamente entre Celourico da Beira e Zamora, e outro submarino, entre Espanha e França, de Barcelona a Marselha, no mar Mediterrâneo, que custará os 2,5 bilhões de euros mencionados.

Estes são os primeiros acordos a três sobre essa infraestrutura, mas o projeto ainda segue em discussão. A Espanha, por exemplo, propõe que transporte exclusivamente hidrogênio “verde” — produzido unicamente a partir de energia renovável —, já Macron falou de um “hidrogênio de baixo carbono, que possa ser produzido com renováveis ou com [energia] nuclear”.

Denominado “H2Med”, ou “BarMar” (contração de Barcelona e Marselha), o corredor substituirá o projeto MidCat. Este último foi lançado em 2003 para ligar as redes de gás da França e da Espanha através dos Pireneus, mas acabou abandonado, devido à falta de atratividade econômica e à resistência de grupos ambientalistas e das autoridades francesas.

O plano será apresentado à Comissão Europeia (braço Executivo da UE) nos próximos dias para que possa obter o “status” de “projeto de interesse comum” e ser parcialmente financiado por fundos europeus.

Pedro Sánchez antecipou, em um tuíte, que o H2Med “será o primeiro grande corredor de hidrogênio da UE”.

“Direção certa”

Presente na cúpula trilateral, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, manifestou sua “satisfação” com um projeto que “vai na direção certa”, pois poderá ajudar a construir uma “verdadeira espinha dorsal europeia do hidrogênio”.

“A Península Ibérica caminha para se tornar um dos maiores centros energéticos europeus. E a União Europeia fará parte desta história de sucesso”, acrescentou.

O H2Med se destinava, inicialmente, ao transporte temporário de gás para o restante da União Europeia, com o objetivo de reduzir a dependência da Rússia, mas será usado apenas para enviar hidrogênio, detalhou António Costa.

A opção de não transportar energia fóssil foi necessária para garantir que Bruxelas possa declará-lo um “projeto de interesse comum”, podendo financiar seu custo em até 50%.

Paris, Madri e Lisboa aguardam uma resposta da Comissão até o início de 2023.

Sem Meloni

Além da reunião sobre o H2Med, Alicante sediou nesta tarde um encontro do grupo EuroMed 9, que reúne Portugal, Espanha, França, Croácia, Chipre, Grécia, Itália, Malta e Eslovênia.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, não foi a Alicante, devido a uma gripe, e foi substituída por seu ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, informou o governo italiano.

Meloni teve uma forte divergência diplomática no mês passado com Macron pela negativa italiana de aceitar um navio com refugiados resgatados no mar.

Ao final do encontro, a vitória da Croácia sobre o Brasil na Copa do Mundo do Catar (1 a 1 na prorrogação e 4 a 2 nos pênaltis) virou assunto na cúpula e o primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, foi cumprimentado com aplausos por seus colegas europeus durante uma coletiva da imprensa pouco após o fim da partida.

Foi “a cúpula europeia mais divertida da história”, comemorou Plenkovic, que acompanhou o jogo durante a cúpula, e explicou à AFP que seus colegas se uniram a ele para assistir à cobrança de pênaltis.

A cúpula devia ter sido realizada em setembro, mas foi adiada porque Sánchez estava com Covid.

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