Mundo
Romney evoca Reagan e diz que Obama ‘é boa pessoa, mas não funciona’
O candidato foi precedido pela surpresa da noite: Clint Eastwood, que conversou com uma cadeira vazia como se o presidente estivesse no palco
por Eduardo Graça, de Tampa
Mitt Romney se voltou para Ronald Reagan na eleição presidencial de 1980 e repetiu a pergunta feita pelo então candidato da oposição ao eleitorado americano: você está melhor ou pior do que há quatro anos, quando elegeu Barack Obama? Há quarenta e dois anos o alvo era Jimmy Carter, especialmente impopular por conta do desfecho da crise dos reféns americanos no Irã revolucionário. Desta vez, os índices de desemprego e o passo lento na recuperação econômica americana foram explorados seguidamente por Romney em um longo discurso, centrado em sua experiência como administrador – “precisamos de um homem de negócios na Casa Branca” – e em um chamamento à América Profunda, aos ‘valores americanos’ e ao excepcionalismo de um país ‘nascido para liderar’.
Pouco antes do discurso de Romney o comentarista político James Carville, mago da campanha vitoriosa de Bill Clinton em 1992, definiu a importância do momento: “Os pouco mais de 40 minutos do discurso de Romney são muito mais importantes do que toda a convenção. Ele precisa que as pessoas o vejam como alguém que entende seus problemas, que é próximo do cidadão comum e que tem o plano certo para resolver os problemas da população. Se ele conseguir fazer isso, será uma tremenda vitória. É simples: ele tem de dizer que entende o que está acontecendo com a vida das pessoas, e que sabe o que fazer para ajudá-los”.
Romney foi cuidadoso e seguiu o roteiro elaborado pelos estrategistas de sua campanha: ele se emocionou duas vezes, ao mencionar a mãe, candidata fracassada ao Senado em Michigan, e a família.
Foi extremamente aplaudido nos momentos em que ofereceu carne à militância e bateu duro em um presidente que “é boa pessoa, mas não funcionou no governo”. Romney foi precedido pela surpresa da noite, um octogenário e cansado Clint Eastwood, que conversou com uma cadeira vazia como se Barack Obama estivesse no palco.
O ator, republicano de carteirinha, ex-prefeito da cidade costeira de Carmel, na Califórnia, se revelou a imagem de um partido que fala cada vez mais – bastava olhar para os delegados na plateia – por caucasianos, idosos e ricos. Curiosamente, no fim da noite, Obama tuitou da Casa Branca: “Esta cadeira já está tomada”.
Em editorial pesado, publicado nesta sexta-feira, o The New York Times, o diário mais influente dos EUA, acusa Romney de ‘reinventar a História’, deixando de lado a obstrução republicana para ‘criar a lenda de que o partido apoiou Obama depois de sua vitória em 2008’. O texto segue afirmando que o ‘estranho sorriso’ de Romney acompanhou um discurso em tudo similar ao tom da convenção republicana em Tampa: pouca substância, muitas bravatas sem sentido (“um mundo livre é um mundo em paz”) e um comportamento passivo-agressivo em relação ao governo Obama. “Foi um discurso banal”, sentenciou o jornal.
por Eduardo Graça, de Tampa
Mitt Romney se voltou para Ronald Reagan na eleição presidencial de 1980 e repetiu a pergunta feita pelo então candidato da oposição ao eleitorado americano: você está melhor ou pior do que há quatro anos, quando elegeu Barack Obama? Há quarenta e dois anos o alvo era Jimmy Carter, especialmente impopular por conta do desfecho da crise dos reféns americanos no Irã revolucionário. Desta vez, os índices de desemprego e o passo lento na recuperação econômica americana foram explorados seguidamente por Romney em um longo discurso, centrado em sua experiência como administrador – “precisamos de um homem de negócios na Casa Branca” – e em um chamamento à América Profunda, aos ‘valores americanos’ e ao excepcionalismo de um país ‘nascido para liderar’.
Pouco antes do discurso de Romney o comentarista político James Carville, mago da campanha vitoriosa de Bill Clinton em 1992, definiu a importância do momento: “Os pouco mais de 40 minutos do discurso de Romney são muito mais importantes do que toda a convenção. Ele precisa que as pessoas o vejam como alguém que entende seus problemas, que é próximo do cidadão comum e que tem o plano certo para resolver os problemas da população. Se ele conseguir fazer isso, será uma tremenda vitória. É simples: ele tem de dizer que entende o que está acontecendo com a vida das pessoas, e que sabe o que fazer para ajudá-los”.
Romney foi cuidadoso e seguiu o roteiro elaborado pelos estrategistas de sua campanha: ele se emocionou duas vezes, ao mencionar a mãe, candidata fracassada ao Senado em Michigan, e a família.
Foi extremamente aplaudido nos momentos em que ofereceu carne à militância e bateu duro em um presidente que “é boa pessoa, mas não funcionou no governo”. Romney foi precedido pela surpresa da noite, um octogenário e cansado Clint Eastwood, que conversou com uma cadeira vazia como se Barack Obama estivesse no palco.
O ator, republicano de carteirinha, ex-prefeito da cidade costeira de Carmel, na Califórnia, se revelou a imagem de um partido que fala cada vez mais – bastava olhar para os delegados na plateia – por caucasianos, idosos e ricos. Curiosamente, no fim da noite, Obama tuitou da Casa Branca: “Esta cadeira já está tomada”.
Em editorial pesado, publicado nesta sexta-feira, o The New York Times, o diário mais influente dos EUA, acusa Romney de ‘reinventar a História’, deixando de lado a obstrução republicana para ‘criar a lenda de que o partido apoiou Obama depois de sua vitória em 2008’. O texto segue afirmando que o ‘estranho sorriso’ de Romney acompanhou um discurso em tudo similar ao tom da convenção republicana em Tampa: pouca substância, muitas bravatas sem sentido (“um mundo livre é um mundo em paz”) e um comportamento passivo-agressivo em relação ao governo Obama. “Foi um discurso banal”, sentenciou o jornal.
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