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Roger Federer, uma marca indelével na história do tênis

Lenda do esporte anunciou aposentadoria nesta quinta-feira 15

O célebre tenista Roger Federer. Foto: David Gray/AFP
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Roger Federer, que anunciou nesta quinta-feira sua aposentadoria, escreveu algumas das mais belas páginas da história do tênis, um esporte que marcou para sempre com seus 20 títulos de Grand Slam, seus golpes geniais e sua elegância.

É o melhor jogador de todos os tempos? Em número de troféus de Major, outros campeões o superam: Rafael Nadal, seu grande rival, tem 22, e Novak Djokovic tem 21.

Mas além desses números, nos corações o suíço ficará em quase tudo como o melhor. Em Wimbledon, seu lugar preferido, onde foi campeão oito vezes; em Roland Garros, onde o público respirou aliviado ao vê-lo completar sua coleção de Grand Slams em 2009, e em todos os torneios onde seus fãs o apoiavam incondicionalmente, às vezes contra seus próprios compatriotas.

Isso porque Federer tinha todos os tributos do campeão ideal. Um jogo que ninguém podia igualar, estético, ofensivo, que empolgava pelos riscos que assumia e o medo que fazia passar os espectadores apaixonados por seu tênis.

Seu estilo oposto ao de Nadal fez da rivalidade entre os dois uma lenda, acompanhada por uma grande amizade.

“Perfeito”, segundo Nadal

Para o espanhol, grande admirador da classe de seu rival, a palavra “perfeito” resume o tênis de Federer: “Ele tem um saque perfeito, um voleio perfeito, uma direita mais que perfeita, um backhand perfeito (com uma mão); é muito rápido, tudo é perfeito com ele”.

Para os que acompanham o tênis mais de longe, o suíço é também uma espécie de genro ideal: apaixonado há quase 20 anos por Mirka Vavrinec, uma ex-tenista de origem eslovaca, a quem conheceu nos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000. Pai atencioso de quatro filhos (duas gêmeas e dois gêmeos) e engajado em ações de caridade, especialmente na África do Sul, país de origem de sua mãe. Amigo de Tiger Woods e Pete Sampras, Federer é praticamente uma unanimidade, inclusive entre os que sofreram com ele nas quadras. “Adoraria te odiar, mas você é muito simpático”, disse Andy Roddick depois de uma final em Wimbledon.

O suíço sempre gostou de “passar a imagem de alguém bom”, inclusive sendo cuidadoso em sua comunicação durante intermináveis sessões de entrevistas nos quatro idiomas que domina (suíço-alemão, inglês, francês e alemão).

Sua galeria de títulos é gigantesca. Além dos 20 Grand Slams, são seis Masters, uma Copa Davis e uma medalha de ouro olímpica (nas duplas, ao lado de Stan Wawrinka).

No total, são 103 troféus no circuito da ATP e 310 semanas como número 1 do tênis masculino, um recorde que foi superado por Djokovic em 2021.

Mas esta grandeza não caiu do céu. O talento do jovem nascido na Basileia em 1981 foi detectado de maneira precoce. Mas este “diamante bruto a lapidar”, segundo sua própria expressão, teve que reprimir uma falta de profissionalismo e uma má tendência a quebrar a raquete quando as coisas não aconteciam como ele queria.

Maturidade tardia

É por isso que, ao contrário de Björn Borg, Jimmy Connors, Sampras e Nadal, ele teve que esperar até o sexto ano no circuito para conquistar seu primeiro Major, na grama de Wimbledon, em 2003, pouco antes de completar 23 anos.

Este título em seu torneio favorito deu início a uma sequência de Grand Slams: foram 11 em quatro temporadas, de 2004 a 2007, dominando completamente o circuito, que até então era protagonizado pela rivalidade entre Lleyton Hewitt e Andy Roddick.

Sua vida ficou mais difícil com o amadurecimento de Nadal e Djokovic, mas Federer continuou vencendo e seu status de lenda cresceu com jogos épicos, como as duas finais de Wimbledon contra o espanhol, em 2007 (vitória) e em 2008 (derrota).

Depois de uma queda de rendimento a partir de 2011, o suíço teve um renascer assombroso em 2017 e 2018, e acrescentou a sua coleção outros três troféus de Major para chegar aos oito de Wimbledon, seis do Aberto da Austrália, cinco US Open e um em Roland Garros.

Com um porte físico aparentemente comum (1,85m), mas dotado te uma velocidade e resistência excepcionais, Federer contou com a vantagem de nunca ter se lesionado até os 35 anos. Ele passou pela primeira cirurgia de sua vida em 2016, no joelho, depois de se machucar quando dava banho em suas filhas.

O suíço sempre teve uma insaciável sede de vitórias. Nenhum recorde podia satisfazer o ego do campeão e os anos não mudaram sua convicção de que ainda podia bater os melhores e vencer os torneios mais importantes.

Ele estava se aproximando dos recordes de longevidade, quando sua última vitória no Aberto da Austrália serviu para ser o segundo campeão mais velho de um Grand Slam atrás de Ken Rosewall, mas seu joelho “teimoso” o obrigou a encerrar a carreira aos 41 anos.

Um joelho que o privou de um retorno que ele próprio e o mundo do tênis estavam esperando há muito tempo.

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