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Reino Unido: Rishi Sunak assume oficialmente o cargo de primeiro-ministro nesta terça-feira

Se for bem sucedido, fica até a próxima eleição geral, que está prevista para 2024

Foto: Daniel LEAL / AFP
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O Reino Unido amanhece com seu primeiro-ministro de número 42 nesta terça-feira (25). Quinto premiê em sete anos, Rishi Sunak é o primeiro ocupante do cargo não branco. Foi escolhido por 202 parlamentares conservadores. A bancada do partido tem maioria do parlamento e, portanto, a prerrogativa de indicar o primeiro-ministro. Ele assume em um momento de profunda crise econômica em que a oposição e parte da sociedade começam a fazer pressão por uma eleição geral.

No dia seguinte à sua vitória no Partido Conservador Britânico, Rishi Sunak se encontra, na manhã de terça-feira, com o rei Charles III, que o nomeará oficialmente primeiro-ministro. É a primeira vez que o novo soberano nomeia um chefe de governo. Liz Truss havia sido recebida por Elizabeth II, em 6 de setembro, durante uma audiência no castelo escocês de Balmoral. A rainha, de 96 anos, morreu dois dias depois. Truss fará seu último discurso do lado de fora do número 10 de Downing Street por volta das 09h15, pelo horário local, e depois vai ao Palácio de Buckingham entregar sua renúncia ao rei.

Rishi Sunak foi escolhido para o cargo como símbolo de estabilidade. Ex-ministro das Finanças no governo de Boris Johnson, foi ele quem conduziu a economia do país durante a pandemia da Covid-19. E durante a disputa que elegeu Liz Truss, sua antecessora, falou claramente que o plano econômico defendido por ela não daria certo. Ele assume com o desafio de manter a unidade na legenda, mais polarizada do que nunca, e dar um pouco de sossego aos indicadores econômicos.

Se for bem sucedido, fica até a próxima eleição geral, que está prevista para 2024. Mas, se isso não acontecer, a pressão pode ser tal que o partido situacionista talvez acabe se vendo obrigado a convocá-la antes do prazo. O jornal britânico Independent criou um abaixo-assinado pedindo eleições gerais que, em apenas uma semana, já obteve o apoio de 400 mil pessoas.

Se a eleição geral fosse hoje, as pesquisas indicam que a oposição trabalhista venceria com grande folga. O partido conservador está no poder há 12 anos, o que já provoca um desgaste natural. Desde o Brexit tem se mostrado fragmentado. As disputas entre a ala mais ao centro e a mais à direita dentro da legenda, e isso está claro desde o plebiscito que levou o Reino Unido a sair da União Europeia, está por trás de boa parte dos seus revezes. O processo de sucessão desde Boris Johnson mostra que a sigla tem dificuldades em apoiar um nome de consenso para a chefia do governo. Apesar dos escândalos políticos que marcaram sua gestão e que provocaram sua perda de credibilidade, Johnson custou a renunciar. Justamente por não haver um nome de peso para substituí-lo. Os conservadores levaram dois meses até confirmar que Liz Truss, egressa da ala mais à direita do partido, seria a nova primeira-ministra. Mas seu governo durou apenas 44 dias.

Fama de bom gestor

Sunak era o nome da preferência dos parlamentares mais moderados do Partido Conservador. Tem fama de bom gestor. Ele anteviu que as medidas de Truss estavam fadadas ao fracasso e assume com um discurso de unidade e estabilidade. Garante que não haverá eleição geral antecipada. E reconhece que existe uma profunda crise econômica a ser gerida daqui para frente. Aos 42 anos, Sunak é primeiro britânico de origem asiática a ocupar o cargo e o mais jovem desde o início do século XIX. Nascido em Southampton em 1980, é filho de indianos imigrados. O pai era clínico geral e a mãe, dona de farmácia. Teve uma educação privilegiada em escolas de elite. Casou-se com a herdeira de uma grande fortuna na Índia. Ele tem diante de si a tarefa monumental de acalmar os mercados, domar uma inflação de dois dígitos, a mais alta das últimas quatro décadas, lidar com as greves sucessivas que têm sido anunciadas em todos os setores da economia, injetar recursos no sistema de saúde fragilizado pela pandemia e oferecer algum suporte às famílias de baixa renda que não têm como pagar as contas de energia no inverno que se aproxima. Tem também de continuar gerindo a reação britânica à guerra na Ucrânia. Tudo isso com uma base parlamentar indisciplinada e fragmentada, que tirou do cargo seus dois antecessores.

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