Mundo

Rishi Sunak, bilionário e primeiro não branco no poder no Reino Unido

Em setembro, ele perdeu para Truss na disputa para substituir Boris Johnson, apesar de alertar que os planos econômicos ultraliberais de sua rival eram “fantasiosos” em tempos de alta inflação

Rishi Sunak, primeiro-ministro britânico (Photo by Tolga AKMEN / AFP)
Apoie Siga-nos no

Rishi Sunak, que se tornou o primeiro chefe de governo britânico de uma minoria étnica após ser designado nesta segunda-feira (24) como novo líder do Partido Conservador, é um bilionário ex-banqueiro, neto de imigrantes indianos e defensor da ortodoxia orçamentária.

Lançando-se como o único candidato a suceder Liz Truss, forçada na semana passada por seus próprios conservadores a deixar o poder depois de apenas um mês e meio de caos com suas políticas fiscais, agora chegou a hora da revanche para Sunak.

Em setembro, ele perdeu para Truss na disputa para substituir Boris Johnson, apesar de alertar que os planos econômicos ultraliberais de sua rival eram “fantasiosos” em tempos de alta inflação.

Essa prudência, que lhe rendeu o rótulo de “socialista” por alguns membros da direita, agora o designa como a pessoa certa para tranquilizar os mercados e estabilizar uma economia ameaçada de recessão.

Tudo isso apesar de muitos britânicos o verem como um tecnocrata muito rico, desconectado da vida da população, e os apoiadores de Johnson o considerarem um “traidor” que, com sua renúncia ao cargo de ministro das Finanças em julho, desencadeou a queda do líder polêmico.

Primeiro hindu no poder

Depois de apenas cinco anos no Partido Conservador, Sunak, desconhecido do grande público apesar de ser o deputado mais rico do Reino Unido, foi nomeado ministro das Finanças por Johnson em fevereiro de 2020.

Tornou-se assim o primeiro britânico de origem indiana e religião hindu a liderar essa pasta.

No passado, ele fez um juramento no Bhagavad Gita, um livro sagrado do hinduísmo, escrito em sânscrito. E agora se torna o primeiro chefe de governo dessa religião, e o primeiro não branco, justo no início do Diwali, um grande feriado hindu de cinco dias.

Um mês após sua chegada ao governo em 2020, o surto da pandemia rapidamente permitiu que ele se diferenciasse da imagem controversa de seu chefe: graças a um enorme pacote de ajuda pública, Sunak emergiu como um dos membros mais populares do governo, enquanto Johnson foi duramente criticado por seu tratamento equivocado da crise de saúde.

A imagem dos dois políticos contrasta como o dia e a noite.

Sunak é super organizado e meticuloso, sempre com o cabelo penteado, vestido com roupas de grife elegantes e um sorriso eterno nos lábios.

Ele afirma não beber álcool e tem um cuidado extremo com sua imagem de seriedade e modernidade nas redes sociais, onde foi criticado por aparecer com aparelhos tecnológicos muito caros, que ilustram como sua vida difere da do britânico médio.

Lista de grandes fortunas

Nascido em 12 de maio de 1980 em Southampton, na costa sul da Inglaterra, Sunak é o mais velho dos três filhos de um clínico geral do serviço de saúde pública e de uma farmacêutica.

Nascidos na Índia, seus avós emigraram para o leste da África Oriental britânica nos anos 1960.

Sunak, que afirma ter sido vítima de racismo em um restaurante de “fast food” quando era adolescente, estudou na Winchester College, um elegante internato para meninos, e cursou Política, Filosofia e Economia nas prestigiosas universidades britânica de Oxford e americana de Stanford.

Conheceu sua esposa, Akshata, na Califórnia, onde o casal, que tem duas filhas, morou antes de se mudar para o Reino Unido.

Defensor do Brexit, Sunak se declara fã de críquete, futebol e da saga cinematográfica “Star Wars”.

Antes de entrar para a política, trabalhou no mundo das finanças, incluindo no grupo Goldman Sachs e teve sua própria empresa de investimentos. Em maio, ele se tornou o primeiro responsável político do Reino Unido a entrar na lista das grandes fortunas.

Ele e sua esposa têm um patrimônio estimado em 730 milhões de libras (910 milhões de dólares, 860 milhões de euros).

Sua popularidade caiu quando, assim que as restrições do coronavírus foram suspensas, ele cortou os auxílios e começou a aumentar os impostos para cumprir a ortodoxia orçamentária.

“Para mim, ser conservador significa ser responsável pelo dinheiro, tanto do povo quanto das finanças públicas”, justificou-se diante dos membros de seu partido que o criticaram por essa política impopular.

Sua imagem também foi prejudicada por um escândalo sobre o status fiscal vantajoso de sua esposa.

Registrada como “não domiciliada” no Reino Unido, Murty evitava pagar impostos no país por sua renda milionária no exterior. A manobra era legal, mas foi tão criticada que acabou tendo que mudar sua situação fiscal.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo