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Promotor que investigava ataque a canal de TV no Equador é assassinado

César Suárez havia sido encarregado de determinar qual grupo criminoso esteve por trás da invasão do canal

Suspeitos detidos após invasão ao estúdio da emissora TC, no Equador, em 9 de janeiro de 2024. Foto: AFP/Polícia Nacional do Equador
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Um promotor antimáfia do Equador que investigava a invasão de homens armados ao canal de televisão TC em 9 de janeiro foi assassinado nesta quarta-feira 17 na cidade de Guayaquil, informou o Ministério Público.

O assassinato do promotor Carlos Suárez foi confirmado pela procuradora-geral Diana Salazar em um vídeo divulgado na rede X.

“Diante do assassinato de nosso colega César Suárez, serei enfática: os grupos de crime organizado, os criminosos, os terroristas não impedirão nosso compromisso com a sociedade equatoriana”, disse Salazar.

O ministro da Defesa, Gian Carlo Loffredo, condenou o assassinato em nome do governo do presidente Daniel Noboa.

“Rejeitamos toda forma de violência como resposta ao conflito que vivemos”, disse o ministro em um vídeo compartilhado na imprensa. “Ratificamos o forte compromisso do governo nacional em apoiar as instâncias da administração da justiça.”

Uma representante da entidade investigadora disse à AFP que Suárez havia sido encarregado de determinar qual grupo criminoso estava por trás da invasão de um programa ao vivo do TC, durante a recente crise de violência no país.

Veículos de comunicação locais divulgaram imagens da caminhonete de Suárez com vários tiros na janela do motorista em uma avenida.

Um representante da polícia disse à AFP que “as unidades de investigação estão realizando as indagações pertinentes para encontrar os responsáveis” no principal porto do país, um centro de operações do narcotráfico.

Ameaças de morte

O ataque ao canal TC foi um dos primeiros atos criminosos que o Equador sofreu após a fuga do poderoso Adolfo Macías, conhecido como “Fito”, líder da principal gangue do país, confirmada em 8 de janeiro.

Ainda não está claro quem está por trás desse ataque, no qual homens encapuzados ameaçaram jornalistas e outros funcionários com pistolas, rifles e granadas.

Diante da crise desencadeada naquele momento, o presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou “conflito armado interno” no país, classificou as gangues criminosas como “terroristas” e mobilizou milhares de militares.

Em várias prisões, os detentos mantiveram mais de 100 funcionários penitenciários reféns até sua libertação, no sábado.

A procuradora Salazar denunciou ameaças de morte por parte de Los Lobos, uma das principais organizações criminosas.

O Equador foi por muitos anos um país seguro contra o narcotráfico, mas tem se transformado em um novo bastião do tráfico de drogas para os Estados Unidos e a Europa, com gangues disputando o controle do território e unidas em sua guerra contra o Estado, especialmente no porto de Guayaquil.

Nos últimos cinco anos, a taxa de homicídios por 100.000 habitantes subiu de 6 para 46 em 2023, e a guerra interna chega a níveis assustadores, como aconteceu na Colômbia no século passado, mas com um ingrediente adicional: as prisões em chamas.

Promotores na mira

Os promotores têm sido alvo das mais de 20 organizações criminosas que operam no Equador. Em junho do ano passado, o promotor Leonardo Palacios foi assassinado na cidade de Durán, vizinha a Guayaquil.

Salazar denunciou ameaças de morte por parte de Los Lobos, um dos principais grupos criminosos que atuam no país.

Semanas antes do ataque contra o TC, a procuradora-geral antecipou um dos piores ataques do narcotráfico ao revelar a investigação Metástasis, descrita como a peça fundamental que revelará a “narcopolítica” no país.

Nesta quarta-feira, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e sua Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão (RELE) condenaram “a violência” e instaram o Estado equatoriano “a investigar, julgar e punir todos os fatos com diligência”.

No fim de 2023, também foram vítimas de criminosos o candidato presidencial Fernando Villavicencio em Quito e Agustín Intriago, prefeito de Manta, uma das principais cidades do país.

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