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Primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, renuncia

O comissário europeu da Economia, o italiano Paolo Gentiloni, classificou de “irresponsável” a atitude dos partidos da coalizão, que resolveram deixar o governo correndo o risco de “provocar uma tempestade no país”

Foto: Andreas SOLARO / AFP
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O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, apresentou sua renúncia nesta quinta-feira (21), informou a assessoria de imprensa da Presidência, depois que seu governo de coalizão de unidade nacional entrou em colapso.

Draghi “reiterou sua renúncia e a do Executivo que chefia”, disse a presidência em um breve comunicado, especificando que “foi informada” da decisão e que ele permanecerá no cargo por enquanto para “dirigir os assuntos atuais”.

Muito aplaudido nesta quinta-feira na Câmara dos Deputados, Draghi solicitou de imediato a suspensão da sessão para se deslocar ao palácio presidencial do Quirinal, onde chegou pouco depois das 09h15 locais (04h15 em Brasília) para comunicar a sua “decisão” ao presidente Sergio Mattarella.

Draghi discursará nesta quinta-feira diante da câmara baixa do Parlamento. Depois de sua reunião com o presidente, o país saberá que rumo o governo irá tomar. Segundo os jornais italianos La Repubblica e La Stampa, os italianos não vão escapar de novas eleições antecipadas que poderão ser realizadas no início de outubro.

A renúncia

A decisão foi tomada depois que o líder perdeu o apoio de três grandes partidos em sua coalizão, o que deve resultar na antecipação de eleições na Itália.

Os partidos de direita Forza Italia, liderados pelo ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e Liga, de Matteo Salvini; bem como o Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema) decidiram na quarta-feira (20) não participar da votação de uma moção de confiança no Senado. Apenas 133 dos 320 parlamentares marcaram presença; 95 votaram sim e 38 não. Segundo as regras do sistema parlamentar, isso resulta no fim do Executivo.

Assim, o prestigioso economista, que respondeu ao chamado para salvar a Itália em fevereiro de 2021 em um momento de crise social, econômica e sanitária, apresentou novamente sua demissão a Mattarella, que desta vez terá que aceitá-la, após a anunciada em 14 de julho.

A crise do governo foi aberta na semana passada pelos parlamentares do M5E, que consideraram vários pontos de um importante decreto-lei proposto pelo premiê como contrários aos seus princípios. “Em 18 meses de governo liderado por Draghi, desmantelaram todas as medidas adotadas por seu antecessor Giuseppe Conte [líder do M5E]”, lamentou Maria Domenica Castellone, porta-voz do movimento no Senado.

Proposta de “novo pacto” não foi aceita

Draghi, que não esperou o resultado da votação no Senado, havia exposto algumas horas antes no parlamento as condições para continuar governando e sair da atual crise que a Itália atravessa ao propor um “novo pacto” político entre as partes. Em seu discurso, o ex-presidente do Banco Central Europeu pediu diretamente aos partidos de sua coalizão ampla, que inclui partidos de direita e esquerda, que decidam seu futuro no cargo e deixou a porta aberta para continuar no poder.

Para Lynda Dematteo, pesquisadora da Escola dos Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, especialista em política italiana, o partido Forza Italia “ficou decepcionado com o discurso de Draghi”. Segundo ela, a direita tradicional “não queria mais governar com o Movimento 5 Estrelas”, mas o premiê ofereceu garantias ao M5E.

“A queda deste governo resulta em fraturas mesmo no interior dos partidos italianos”, reitera Dematteo. Além disso, essa nova reviravolta política “é desaprovada pela maior parte dos italianos, pelas centrais sindicais e prefeitos”, cuja uma larga maioria apoiava a permanência do premiê no cargo.

O comissário europeu da Economia, o italiano Paolo Gentiloni, classificou de “irresponsável” a atitude dos partidos da coalizão, que resolveram deixar o governo correndo o risco de “provocar uma tempestade no país”. “Esperamos meses difíceis, mas somos um grande país”, completou.

(Com AFP e RFI)

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