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Berlusconi e extrema-direita apoiam novo governo de Draghi na Itália e excluem antissistema

Mario Draghi pediu união ao partido para continuar no cargo durante discurso no Senado italiano nesta quarta-feira

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A direita do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi e a extrema-direita Liga, de Matteo Salvini, exigiram nesta quarta-feira (20) a saída do antissistema Movimento 5 Estrelas em troca do apoio a um novo governo na Itália liderado por Mario Draghi.

“Os partidos de centro-direita são a favor de um ‘novo acordo’ de governo e vão contribuir para a solução dos problemas do país, mas somente com um novo Executivo, profundamente renovado, liderado por Mario Draghi e sem a participação do Movimento 5 Estrelas”, anunciaram os partidos em uma nota oficial.

A crise no governo começou na semana passada por membros antissistema que consideraram que vários pontos de um decreto-chave proposto por Draghi são contrários a seus princípios.

O desfecho ainda é incerto e são várias as soluções possíveis, entre elas, eleições antecipadas em setembro ou outubro.

O primeiro-ministro italiano Mario Draghi assegurou nesta quarta-feira ao Senado que a única saída para a atual crise política pela qual a Itália está passando é chegar a um novo “acordo” entre as partes em disputa.

“O único caminho a seguir, se quisermos ficar juntos, é reconstruir um pacto (de governo) com coragem, abnegação e credibilidade”, propôs Draghi depois de perder o apoio de um partido de coalizão nacional que presidiu na semana passada.

Durante seu discurso, que terminará com uma moção de confiança, Draghi alertou que “a Itália não precisa mostrar confiança aparente, que desaparece quando se trata de tomar medidas difíceis”.

O ex-presidente do Banco Central Europeu questionou diretamente os partidos de sua ampla coalizão que inclui da direita à esquerda: “Vocês, partidos e parlamentares, estão prontos para reconstruir esse pacto? Estão prontos para confirmar esse esforço que nos primeiros meses e depois ficou mais fraco?” ele perguntou.

“A resposta a essa pergunta não deve ser dada a mim, mas a todos os italianos”, disse ele. “A Itália é forte quando está unida”, acrescentou.

Os desafios internos (recuperação econômica, inflação, emprego) e externos (independência energética, guerra na Ucrânia) que a Itália e a União Europeia enfrentam “exigem um governo verdadeiramente forte e unido e um Parlamento que o acompanhe com convicção”, sublinhou.

Draghi também enviou uma mensagem aos antissistema, que na semana passada retiraram o apoio a um decreto-lei fundamental, referindo-se à introdução de um salário mínimo, que a direita questiona e é uma das questões que suscita fortes disputas.

“É importante para reduzir pobreza, mas pode melhorar”, frisou, uma frase interpretada como uma abertura.

No entanto, reconheceu que as disputas internas e o “desejo de se distinguir” de alguns partidos, aludindo ao antissistema do Movimento 5 Estrelas, minaram a confiança no seu governo.

“Um primeiro-ministro que não foi eleito deve ter o maior apoio possível. A unidade nacional é a garantia”, afirmou.

Uma eventual queda do governo de unidade poderia desencadear uma onda de revolta social diante da inflação galopante, ameaçar o gigantesco plano de recuperação financiado pela União Europeia e alimentar o nervosismo dos mercados.

Segundo as pesquisas, a maioria dos italianos quer que Draghi permaneça no cargo, uma das razões pelas quais ele recuou e não confirmou sua renúncia.

O primeiro-ministro deve comparecer perante a Câmara dos Deputados na quinta-feira, de acordo com o método decidido pela república parlamentar.

Após a abertura do debate, em que cada partido ilustrará sua posição, um voto de confiança definirá com qual maioria conta para continuar governando ou não.

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