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Presidente ultraconservador da Polônia é reeleito com resultado apertado

O candidato adversário ainda tem margem para contestar resultado nas urnas devido ao uso das estatais do governo para apoiar o conservador

O presidente ultraconservador polonês, Andrzej Duda,. Foto: JANEK SKARZYNSKI/AFP
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A Polônia foi às urnas neste domingo 12 em uma eleição polarizada tida como fundamental para os rumos do país não só a nível interno, mas também na relação de Varsóvia com a União Europeia. Resultados oficiais quase definitivos divulgados na manhã desta segunda-feira 13 indicam a reeleição apertada do atual chefe de Estado, que é apoiado pelo governo nacionalista do Partido Lei e Justiça.

A comissão eleitoral da Polônia anunciou que o presidente ultraconservador Andrzej Duda tem praticamente assegurada sua reeleição após apuração de 99,97% dos votos. Ele obteve 51,21%, enquanto o liberal Rafal Trzaskowski, conseguiu 48,79%.

O comparecimento às urnas foi de cerca de 70%, o maior em 25 anos de eleição presidencial. Essa parece ser uma das eleições mais disputadas da história do país.

Ainda falta contabilizar os votos do exterior e o resultado oficial definitivo é esperado para a de noite desta segunda-feira, segundo a mídia polonesa.

União Europeia

A votação representou uma disputa entre duas visões de mundo antagônicas. De um lado está o liberal Trzaskowski, que defende uma Polônia aberta, tolerante e europeia. Ele entrou na disputa prometendo quebrar o poder do Partido Lei e Justiça, que governa o país sozinho desde 2015.

De outro lado, está o presidente Duda, que é o candidato de um governo nacionalista, repetidamente criticado pela União Europeia por ter, nos últimos anos, implementado um processo de mudanças restringindo a independência do Judiciário e a liberdade de imprensa no país.

Trzaskowski, que foi ministro do governo do ex-premiê polonês e ex-presidente do Conselho Europeu, Donald Turk, é a favor de uma Polônia progressista, alinhada com os valores da União Europeia.

Já Duda se destacou na campanha eleitoral por um discurso contra homossexuais, pelos valores tradicionais da família polonesa e também por ataques contra a vizinha Alemanha. O presidente polonês chegou a acusar Berlim de tentar ajudar a oposição.

Continuidade do rumo autoritário de Varsóvia?

A reeleição de Andrzej Duda representaria um passo importante para que o governo polonês leve adiante seu programa controverso de reformas do Judiciário, que tem colocado Varsóvia em rumo de colisão com Bruxelas.

A imprensa independente também enfrenta ameaças, depois de o governo ter se apoderado da mídia estatal.

O atual chefe de Estado vem se destacando por assinar quase todas as leis propostas pelo governo. Já Trzaskowski prometia usar o poder de veto presidencial para bloquear iniciativas antidemocráticas.

Disputa por recontagem dos votos

Hora depois do fechamento das urnas, ambos os candidatos se disseram confiantes na vitória.

Se Trzaskowski realmente perder a eleição, ele terá motivos de sobra para recorrer judicialmente, segundo analistas, devido à campanha desequilibrada, em meio a uma mídia estatal tendenciosa, francamente favorável ao governo.

Quer dizer: é possível que ainda haja um “terceiro turno” nessa eleição.

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