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Presidente do Equador destitui ministro do Interior e oficiais policiais após feminicídio

A advogada María Belén Bernal desapareceu depois de entrar na Escola Superior de Polícia para visitar seu marido, o tenente Germán Cáceres, considerado suspeito de assassinato

Guilhermo Lasso, ex-presidente do Equador. Foto: Rodrigo Buendía/AFP
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O presidente do Equador, Guillermo Lasso, anunciou na sexta-feira que solicitou a destituição do ministro do Interior, Patricio Carrillo, após o assassinato de uma advogada em uma escola de formação policial.

“O general Patricio Carrillo dedicou sua vida e sua lealdade ao ideal de um país seguro. No entanto, após os acontecimentos dos últimos dias, decidi que seu serviço termina hoje”, declarou Lasso em rede nacional.

O presidente, que descreveu o assassinato da advogada de 34 anos como “feminicídio”, acrescentou que pediu a Carrillo “sua renúncia como ministro do Interior”.

Mais cedo, o presidente – que voltou ao Equador depois de participar da Assembleia Geral da ONU – ordenou a demissão de dois generais policiais e pediu a renúncia do alto comando da Polícia.

“Pedi aos comandantes policiais que disponibilizem seus cargos, apresentando suas respectivas exonerações. O Governo Nacional avaliará sua permanência na instituição”, escreveu Lasso no Twitter.

Segundo o presidente, trata-se de Freddy Goyes, que exercia o cargo de diretor nacional de investigação da Polícia Judiciária, e Giovanni Ponce, responsável pela Segurança Cidadã e Ordem Pública.

Os anúncios vêm após a descoberta do corpo da advogada María Belén Bernal, que desapareceu em 11 de setembro depois de entrar na Escola Superior de Polícia (ESP) para visitar seu marido, o tenente Germán Cáceres, considerado suspeito de assassinato e foragido.

O corpo foi encontrado na quarta-feira em uma colina perto da escola de oficiais, localizada nos arredores de Quito.

O presidente também deu ao comandante-geral da Polícia, Fausto Salinas, o prazo de “uma semana para entregar resultados definitivos que levem à captura de Germán Cáceres”.

O assassinato de Bernal chamou a atenção para os feminicídios, que segundo organizações sociais somam pelo menos 206 até agora este ano no país.

De acordo com o Ministério Público equatoriano, 573 feminicídios foram registrados desde 2014, quando o feminicídio foi incluído como crime no Código Penal.

Bernal foi sepultada na sexta-feira. Uma marcha liderada por sua mãe, Elizabeth Otavalo, acompanhou o caixão até um cemitério no norte da capital equatoriana.

Parentes e ativistas carregavam fotos da advogada e de seu marido, pelo qual o governo oferece uma recompensa de até US$ 20.000 para quem fornecer informações.

“Quero me desculpar porque isso nunca deveria acontecer, muito menos em um prédio público onde são formados aqueles que devem proteger”, disse Lasso.

A mãe de Bernal classificou o caso como “crime de Estado”, considerando que sua filha morreu dentro de uma instituição policial.

De acordo com depoimentos de advogados dos envolvidos, gritos de socorro foram ouvidos por pelo menos 20 minutos do quarto de Cáceres na escola de polícia.

Bernal foi à Escola Superior de Polícia na manhã de 11 de setembro em uma hora incomum, segundo Salinas. No entanto, sua entrada foi autorizada pelos responsáveis do controle.

Pelo caso, uma cadete que teria tido uma relação com Cáceres permanece detida e 12 policiais são investigados.

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