Mundo

Presidente do Chile comparecerá à cerimônia de posse de Milei na Argentina

Gabriel Boric admitiu haver ‘diferenças políticas’, mas projetou ‘relações de Estado generosas’

O presidente do Chile, Gabriel Boric. Foto: Chilean Presidency/AFP
Apoie Siga-nos no

O presidente do Chile, Gabriel Boric, viajará para a Argentina em 10 de dezembro para a cerimônia de posse do ultradireitista Javier Milei, apesar das diferenças ideológicas entre os dois políticos, confirmou, nesta quarta-feira 22, a ministra do Governo, Camila Vallejo.

Desde a vitória de Milei nas eleições presidenciais de domingo passado, a oposição de direita no Chile fez pressão para que o presidente de esquerda fosse ao ato, o que tinha ficado em dúvida depois que o agora presidente eleito da Argentina disse que Boric fazia parte da “praga socialista” empobrecedora na região, segundo declarações dadas durante uma visita a Santiago em julho passado.

Vallejo afirmou que “a decisão está tomada. O presidente representa o Estado do Chile e, como sempre se fez, vai comparecer. E isto é um padrão que o presidente tem em todos os casos”.

No domingo à noite, Boric parabenizou Milei pela vitória contundente nas eleições argentinas, e em seguida afirmou que os dois tiveram “uma conversa franca por telefone, na qual'”priorizou-se o bem-estar dos dois povos'”.

“O povo chileno e o argentino são povos irmãos. Portanto, meu dever como presidente da República é que, independentemente das diferenças políticas que, sem sombra de dúvida, existem entre o presidente eleito e o governo em exercício no Chile, nossos povos e países tenham relações de Estado generosas e continuemos promovendo a integração no máximo nível”, disse Boric na terça-feira.

A ministra Camila Vallejo acrescentou, nesta quarta, que ao Chile “interessa construir e fortalecer as relações diplomáticas de Estado com todos os países, independentemente de se os governos da vez são afins ou não, porque quando se fala de política de Estado, fala-se pelo bem dos nossos povos, aos quais representamos”.

Milei esteve em Santiago em julho, convidado para o fórum O Renascimento liberal, promovido pela Fundação para o Progresso e a liderança do ultraconservador Partido Republicano de José Antonio Kast, derrotado por Boric nas eleições de dezembro de 2021.

Nesse espaço de reflexão sobre as ideias liberais e seu ressurgimento na América Latina, Milei, então candidato à Presidência, afirmou: “Entre esquerdistas se juntam, ou seja, entre empobrecedores se juntam, e assim como esperamos nos livrar da praga kirchnerista (…) espero que vocês tenham a alegria e o mérito de também poder tirar este empobrecedor do Boric”.

As declarações levaram o chanceler chileno, Alberto Van Klaveren, a pedir a Milei que restringisse sua campanha à Argentina e que desse o “mínimo respeito” às autoridades e instituições chilenas.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo