A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, encabeçará na segunda-feira 2 em Usuhaia, cidade no extremo sul do mundo, o ato central pelo aniversário de 30 anos da Guerra das Malvinas.
Kirchner fará seu discurso ao meio-dia para veteranos do confronto com a Grã-Bretanha em meio à tensão diplomática pela soberania das ilhas. A mandatária também inaugurará na Praça ‘Malvinas Argentinas’ uma chama eterna e um monumento em memória aos 649 argentinos mortos na guerra, que ainda vitimou 255 britânicos.
Ushuaia, a 3,2 mil quilômetros ao sul de Buenos Aire, é capital da província da Terra do Fogo, cuja Constituição considera como parte de sua jurisdição as Ilhas Malvinas, ocupadas pela Grã-Bretanha desde 1833.
A guerra com os britânicos, iniciada pelo governo argentino em 2 de abril de 1982, durou 74 dias e ganhou apoio esmagador da América Latina.
À época, o regime ditatorial brasileiro (1964-1985) ficou em alerta por temer que a Argentina recorresse à União Soviética, segundo documentos secretos divulgados no domingo 1 pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Dados confidenciais do Arquivo Nacional revelam que os militares brasileiros estavam preocupados com a ajuda que os soviéticos poderiam prestar aos argentinos a fim de aumentar sua influência na região.
A potência socialista tinha se comprometido a entregar à Argentina urânio enriquecido para seu programa nuclear, apesar de não informar o grau de enriquecimento, por meio de aliados como Líbia, Cuba e Angola.
Atualmente, países do Mercosul, como Brasil, Uruguai e Chile, impedem a entrada de navios com bandeiras das Malvinas em seus respectivos portos, enquanto o Peru cancelou uma visita de uma fragata britânica em solidariedade com a Argentina.
Outras manifestações serão realizadas na segunda-feira em várias províncias da Argentina com a participação de veteranos, enquanto que em Buenos Aires grupos de esquerda expressaram sua oposição ao “colonialismo imperialista” britânico durante uma marcha até a embaixada do país europeu.
Enquanto isso, um grupo de intelectuais que se opõem ao governo de Kirchner, entre eles Beatriz Sarlo e o escritor Marcos Aguinis, questionaram a comemoração oficial, lembrando “a tragédia dolorosa causada em 1982 por uma ditadura inescrupulosa exaltada hoje por um nacionalismo retrógrado”.
Na véspera do aniversário, a Argentina vive uma onda de recordações do conflito com exposições fotográficas, conferências, eventos, artigos de imprensa, publicações novas e reedições de livros que abordam diferentes ângulos do conflito e seus derivados.
Em seu primeiro pronunciamento sobre o 30º aniversário da guerra, a Igreja Católica disse que a “guerra só traz morte e desolação” e ressaltou, através de sua Comissão Nacional de Justiça e Paz, que “a alternativa nunca mais deve ser a de violência”.
O governo argentino canaliza todas as suas reivindicações de soberania sobre as ilhas por via diplomática e a sua principal exigência é que a Grã-Bretanha cumpra as resoluções da ONU que exortam a ambos os lados o início de um diálogo.
Com informações AFP.
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