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Piñera e Guillier se preparam para acirrado segundo turno no Chile

Em 17 de dezembro, chilenos vão escolher o sucessor de Michele Bachelet

Piñera reconheceu "triunfalismo" de sua campanha
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Por Paulina Abramovich

Depois de digerirem as surpresas do primeiro turno eleitoral no Chile, o ex-presidente Sebastián Piñera e o governista Alejandro Guillier ajustam as peças do tabuleiro para a disputa de 17 de dezembro, que deve ser marcada pelo suspense até o último minuto.

Como se esperava, Piñera venceu o primeiro turno e enfrentará o candidato da situação. A diferença é que a vitória foi com uma margem bem menor do que o previsto e, contrariando todas as expectativas, a representante de uma coalizão de partidos de esquerda – a jornalista Beatriz Sánchez  ficou muito perto de ir para o segundo turno.

O percentual abaixo do esperado (36,6%) caiu como um balde de água fria no comando da equipe de Piñera, com quase dez pontos a menos do que se antecipava.

O próprio candidato admitiu hoje um “excesso de triunfalismo” na equipe de campanha, embora tenha afirmado que sempre pensou que essa disputa se definiria com um segundo turno.

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Nesse novo cenário, além de combater o desânimo dos correligionários, Piñera reorganizava as peças em seu comando de campanha, integrando parlamentares eleitos com alto número de votos, como os senadores Felipe Kast e Juan Antonio Coloma.

Piñera também ressaltou a mensagem política para este segundo turno: conquistar o “centro moderado”, apesar da adesão à sua campanha, hoje, do ex-candidato de ultradireita à presidência, José Antonio Kast, o qual obteve quase 8%. Nesse sentido, garantiu que deixará “tudo na rua para que não vá para a esquerda”.

“Em relação à nossa candidatura, se vai para a direita, ou para a esquerda, nem um, nem o outro. Vamos continuar apelando e convocando o que se chama ‘o centro social’, que não é o tradicional centro político, é a moderação, é o senso comum. São os chilenos que querem unidade, e não divisão”, disse o ex-presidente.

“Todos contra Piñera”

“Não é ‘tanto faz’ quem vai governar. Estamos a menos de um mês do segundo turno. As opções estão abertas, e são vocês que podem decidir qual é o caminho que queremos que nossa pátria siga”, declarou nesta terça-feira a presidente socialista Michelle Bachelet, após receber Alejandro Guillier no Palácio de Governo.

Bachelet evitou dar um apoio explícito ao representante do governo, mas defendeu, fortemente, a continuidade das reformas sociais empreendidas por ela.

“A grande maioria dos chilenos disse que não quer retrocesso, nem quer perder os direitos obtidos, como a gratuidade (do Ensino Superior). A maioria disse que quer consolidar o caminho das transformações”, afirmou Bachelet, que até o final de seu mandato viu sua popularidade subir.

Guillier já recebeu o apoio do Partido Democrata-Cristão – que apresentou a candidatura de sua presidente Carolina Goic – e do representante do progressismo Marco Enríquez-Ominami, em seu objetivo de criar uma frente “todos contra Piñera”.

Surpresa dessa eleição com 20% dos votos, a Frente Ampla (FA) ainda não deu seu apoio a Guillier. O jovem conglomerado de partidos de esquerda radical deve anunciar sua decisão em 29 de novembro.

“Ao Chile não convém que Piñera seja presidente (…) mas o ‘antipiñerismo’ não basta a Guillier para ganhar a eleição”, avaliou Giorgio Jackson, um dos principais dirigente da FA, que renovou sua cadeira no Congresso, contra qualquer prognóstico, com cerca de um milhão de votos.

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Comparado em sua estrutura ao “Podemos” espanhol, a Frente Ampla tem a chave do segundo turno eleitoral, mas também de seu futuro como coalizão política. Pode se somar à candidatura de Guillier, ou decidir não fazê-lo, para se consolidar como oposição de olho nas eleições de 2021.

O “conglomerado”, que aumentou sua representação na Câmara dos Deputados de 3 para 20 representantes e elegeu pela primeira vez um senador, torna-se a terceira força eleitoral do país. Atraiu, principalmente, os votantes mais jovens, ansiosos por uma renovação na política chilena.

“O desafio agora passa por saber interpretar um país novo, que não é tão individualista quanto pretendiam os mais liberais, nem tão coletivo quanto pretende a esquerda”, explicou o sociólogo Eugenio Tironi.

*Leia mais em AFP

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