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Perto do aniversário do golpe militar, presidente da Argentina relembra os horrores da ditadura

Alberto Fernández prepara uma série de homenagens que serão realizadas nos próximos dias pelos mortos e torturados durante o período

Perto do aniversário do golpe militar, presidente da Argentina relembra os horrores da ditadura
Perto do aniversário do golpe militar, presidente da Argentina relembra os horrores da ditadura
Presidente argentino Alberto Fernandéz .Foto: AFP
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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, incentivou os argentinos neste sábado 20 a manter viva a memória, a poucos dias do aniversário do golpe de Estado de 24 de março de 1976, durante uma homenagem aos trabalhadores presos e desaparecidos durante a ditadura.

“Peço a todos que a cada 24 de março lembremos francamente do horror que vivemos”, disse o presidente no Espaço da Memória construído onde funcionava a Escola de Mecânica da Armada (ESMA), o maior centro de tortura e extermínio da ditadura (1976-1983), por onde passaram milhares de prisioneiros.

Cercado por representantes das Avós e Mães da Praça de Maio, que procuram seus filhos desaparecidos e netos roubados ao nascer, Fernández evocou a luta dessas mulheres que “tiveram a coragem que a imensa maioria da sociedade argentina não teve”.

“Elas pararam sozinhas diante do poder para denunciar o que estava acontecendo e algumas, como Azucena Villaflor (fundadora do Mães da Praça de Maio), perderam suas vidas por isso”, observou ao lembrar das vítimas que as organizações de direitos humanos estimam chegar a 30 mil.

“Muitos querem que o esquecimento nos conquiste”, alertou o presidente. Mas “em 24 de março houve um colapso moral na sociedade argentina que não devemos nunca deixar de repudiar”, enfatizou.

Negacionismo e memória

O presidente mencionou uma exibição na Praça de Maio de sacos pretos que simulavam conter cadáveres com nomes de ativistas dos direitos humanos e líderes políticos durante uma passeata da oposição no final de fevereiro.

A cena foi montada por iniciativa do grupo de direita Jovens Republicanos. O protesto havia sido convocado para repudiar um escândalo de vacinação privilegiada contra a covid-19.

“Infelizmente, persistem as duas Argentinas”, disse Fernández. “A cada piscar de olhos, em suas fileiras aparecem os negacionistas e em nossas fileiras aparece a memória”, argumentou.

Ele também lembrou as mais de mil condenações em julgamentos contra criminosos da ditadura. “Hoje, a condenação de um genocida é um ato lógico, não excepcional. É a maior vitória de uma sociedade”, afirmou.

O evento é o primeiro de uma série de homenagens que serão realizadas nos próximos dias, incluindo uma marcha nesta quarta-feira convocada por organizações de esquerda.

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