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Oposição abandona debate de pacote de Milei após polícia reprimir manifestações

Policiais dispararam balas de borracha na direção de manifestantes que protestavam contra as medidas

Forças policiais federais formaram cordões com escudos, veículos antimotins e dispersaram gás pimenta na direção de manifestantes. Foto: Juan Mabromata/AFP
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Deputados da oposição abandonaram o Congresso argentino nesta quinta-feira 1º, no segundo dia de debates sobre o pacote de reformas do presidente Javier Milei, depois que policiais dispararam balas de borracha na direção de manifestantes que protestavam contra as medidas propostas pelo líder ultradireitista, nos arredores do prédio.

“Não se pode debater dessa maneira”, disse o deputado de esquerda Mariano Del Caño ao abandonar a sessão com um grupo de parlamentares, enquanto, no Congresso, continuavam os debates da chamada “Lei Ônibus”, um pacote de reformas econômicas, políticas, de segurança e ambientais com o qual Milei pretende refundar o país.

Milhares de pessoas se reuniram em frente ao Congresso, em repúdio à lei. Quatro jovens foram detidas e libertadas nesta quinta.

Seguindo um protocolo “anti-piquetes” do governo Milei, que proíbe a interdição de ruas, forças policiais federais formaram cordões com escudos, veículos antimotins e dispersaram gás pimenta na direção de manifestantes que lotavam as calçadas.

Sob um calor com temperaturas recorde, opositores e sindicatos convocaram novas marchas para esta quinta-feira, e, em confronto com a polícia, um manifestante sofreu um ferimento no rosto em circunstâncias pouco claras.

“Querem cuidar dos privilégios”

Por meio de alianças, Milei busca uma primeira aprovação “em geral” da “Lei Ônibus” de reformas econômicas, políticas, de segurança e ambientais de mais de 300 artigos, mas o resultado final dependerá da votação “artigo por artigo” da lei, que nas negociações perdeu metade de seu conteúdo.

A oposição antecipou que o projeto sofreria alterações e, de fato, o texto definitivo continua sendo negociado enquanto é debatido.

“Não temos em nossas bancadas o texto definitivo do que vão submeter à votação”, afirmou Germán Martínez, líder da bancada peronista, uma situação inédita que persistia na noite de hoje.

Os deputados governistas defenderam o projeto com ataques concentrados na gestão dos governos anteriores.

Durante a sessão, Milei publicou uma imagem enigmática, criada por inteligência artificial, de um leão gigante – sua marca registrada – ao lado do Congresso, abrindo uma jaula diante de uma multidão de argentinos que não se entende se entram ou saem da mesma.

“O projeto é polêmico, mas só para quem quer cuidar dos seus privilégios, que vêm do modelo anterior que nos trouxe até aqui, a este lugar de miséria, de indigência”, disse o deputado governista ultraliberal José Luis Espert, ao abrir a sessão de quarta-feira.

(Com informações da AFP).

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