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Obrigado a alterar rota de avião, Evo Morales está preso em Viena

Autoridades da França e Portugal desconfiavam que Snowden estivesse a bordo do avião proveniente de Moscou

Presidente boliviano está desde terça-feira 2 no aeroporto de Viena
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Obrigado a alterar o plano de voo presidencial por suspeitas de autoridades europeias, o presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta quarta-feira 3 que não é “criminoso” e negou “qualquer conduta irregular” da aeronave presidencial, que vinha da Rússia e foi desviada para a Áustria, devido a suspeitas dos governos da França e de Portugal de que o ex-agente americano Edward Snowden estivesse a bordo.

Em decorrência da mudança do plano de voo, Morales foi obrigado a permanecer em Viena, capital austríaca. De acordo com autoridades bolivianas, houve ordens de proibição à aeronave de Morales por parte da França, da Itália e de Portugal.

Morales contou que o embaixador espanhol em Viena, Alberto Carnero, esteve no aeroporto e pediu que ele tomasse o café da manhã dentro do avião. “Para ver o avião e, no fundo, querer controlá-lo. Não sou nenhum criminoso para que me controlem o avião”, ressaltou o presidente.

Em Viena, o mandatário boliviano se reuniu com o presidente da Áustria, Heinz Fischer. Seu avião, no entanto, não acabou sendo revistado, segundo o porta-voz do governo, por não haver razão legal para a ação. Morales regressava de Moscou, onde participou de uma reunião dos países produtores de gás natural, para La Paz.

A Bolívia é um dos 21 países aos quais Snowden pediu asilo político. O ex-agente é acusado de espionagem pelos Estados Unidos e está na Rússia esperando a concessão de asilo político, depois de ter denunciado que o governo americano monitorava e-mails e ligações telefônicas de cidadãos dentro e fora do país. Há, ainda, informações de que comunicações da União Europeia também tenham sido monitoradas.

Unasul. Diante do impasse, Morales pediu uma reunião de emergência da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), para discutir a proibição dos governos de Portugal e da França ao ingresso do avião boliviano no espaço aéreo dos dois países. A proibição ocorreu na terça-feira 2. A Bolívia pede explicações oficiais dos portugueses e franceses sobre a proibição.

A ministra da Comunicação da Bolívia, Amanda Dávila, classificou a decisão dos governos de Portugal e da França como uma “ofensa grave”.

Autoridades austríacas garantiram que Snowden não estava a bordo. O porta-voz do governo da Áustria, Alexander Schallenberg, disse ainda que o presidente boliviano retorna ainda nesta quarta-feira 3 a La Paz.

De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Bolívia, David Choquehuanca, foi preparado um plano de voo alternativo para o presidente boliviano, no qual ele terá de desviar a rota.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, cobrou explicações dos governos que proibiram o ingresso no espaço aéreo do avião de Morales. Em comunicado, Insulza se disse “profundamente incomodado” e ressaltou que “nada justifica uma ação de tanto desrespeito”.

Manifestantes. A proibição à aeronave de Morales mobilizou simpatizantes, líderes de movimentos sociais e autoridades bolivianas em La Paz. Desde terça-feira 2, eles fazem vigília em apoio ao líder boliviano à espera de sua chegada a La Paz.

Ainda na capital boliviana, simpatizantes de Morales fizeram um protesto em frente à Embaixada da França contra a proibição ao avião presidencial. Os manifestantes gritavam frases contra os Estados Unidos e aliados.

Os presidentes Ollanta Humala (Peru), Cristina Kirchner (Argentina), José Pepe Mujica (Uruguai) e Rafael Correa (Equador) também prestaram solidariedade a Morales.

*Com informações da Agência Brasil

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