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O que está em jogo no encontro entre Lula e a presidente da Comissão Europeia

Acordo entre União Europeia e Mercosul é o foco das agendas de Ursula von der Leyen no Brasil

Fotos: Evaristo Sá/AFP e Kenzo TRIBOUILLARD / AFP
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, inicia nesta segunda-feira 12 uma viagem por Brasil, Argentina, Chile e México para reforçar alianças antes da reunião de cúpula entre a União Europeia (UE) e os países da América Latina e do Caribe em julho.

Com a viagem, a chefe do Executivo da UE pretende “fortalecer as relações com aliados fundamentais”, afirmou uma porta-voz da Comissão Europeia.

Von der Leyen desembarcará nesta segunda-feira em Brasília, onde sua agenda inclui uma reunião com o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Durante um almoço de trabalho, ela discursará para representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

De acordo com o Planalto, “o evento se enquadra no conceito de retomada das relações do Brasil com a União Europeia e de avanço em torno de temas que ambos trataram em uma conversa por telefone em 17 de fevereiro“.

A conversa citada no comunicado do governo tratou da retomada de parcerias econômicas entre Brasil e União Europeia e, principalmente, dos entraves que restam para assinar o acordo entre o bloco e o Mercosul. O tema é um dos grandes objetivos de Lula em seu terceiro mandato e, apesar de ser tratado em diversos encontros bilaterais entre Lula e líderes europeus, ainda não andou significativamente desde que o petista voltou ao poder.

Após as agendas em Brasília, a viagem de Von der Leyen prosseguirá com escalas na Argentina (terça-feira), Chile (quarta-feira) e México (quinta-feira). Nestes países Von der Leyen também se reunirá com os presidentes Alberto Fernandez, Gabriel Boric e Andrés Manuel López Obrador.

A princípio, a viagem pela América Latina estava programada para abril, mas uma doença do presidente Lula o obrigou a modificar a data de uma viagem para a China, o que também provocou o adiamento da visita de Von der Leyen.

Novo mapa da relações

A viagem acontece uma semana após a aprovação por parte da Comissão Europeia de uma nova estratégia para “recalibrar e renovar” as relações da UE com os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).

A estratégia, apresentada antes do encontro de cúpula UE-CELAC previsto para julho, propõe, encontros frequentes entre os líderes dos blocos e a adoção de um mecanismo permanente de coordenação, além de estímulos ao comércio e aos investimentos.

De acordo com a UE, a Nova Agenda, a viagem de Von der Leyen e as expectativas da reunião de cúpula de julho e julho estão concentradas no plano denominado ‘Global Gateway’, um gigantesco programa de investimentos que pretende mobilizar até 300 bilhões de euros (1,5 trilhão de reais).

Em uma nota oficial sucinta, a UE informou que durante a viagem pelos quatro países latino-americanos, Von der Leyen “fará uma série de anúncios sobre projetos de nossa estratégia ‘Global Gateway’, que serão mutuamente benéficos e aproximarão ainda mais as duas regiões”.

A primeira escala da viagem, o Brasil, representa uma etapa aguardada com ansiedade em Bruxelas, pois durante o governo de Jair Bolsonaro o diálogo entre o país e a UE foi reduzido a praticamente zero.

O retorno de Lula à presidência reacendeu as esperanças de um avanço considerável no diálogo bilateral, que Von der Leyen espera consolidar com a visita.

A última reunião de cúpula entre UE e os países latino-americanos aconteceu há quase oito anos, em 2015.

Desde então, a UE se concentrou em seus problemas internos, como o Brexit, a crise migratória, a pandemia de coronavírus, a expansão em direção ao leste e, mais recentemente, a guerra na Ucrânia.

Agora, a UE percebe que a América Latina é um aliado natural, com abundantes recursos de alimentos e mineração, o que convenceu Bruxelas de que chegou o momento de dar a estas relações uma importância proporcional a sua magnitude.

Guerra

Segundo o Planalto, Lula aproveitará a oportunidade de um encontro bilateral com Von der Leyen para reforçar sua posição de mediador dos pedidos de paz na Ucrânia. O petista tem incitado a criação de um grupo para discutir um acordo entre os dois envolvidos no conflito. A iniciativa é vista com ressalvas, já que o petista não estaria 100% alinhado com a visão europeia da guerra.

(Com informações de AFP)

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