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Novo governo de unidade palestino toma posse

Gabinete é resultado da aliança entre Hamas e Fatah. Israel repudia presença do Hamas, afirmando que o grupo é uma “organização terrorista determinada a destruir Israel”

O premier Rami Hamdallah presta juramento diante do presidente palestino, Mahmud Abbas
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O novo governo de unidade nacional palestino tomou posse nesta segunda-feira 3. “Com a formação do governo de unidade nacional, anunciamos o fim da divisão palestina, que tanto tem prejudicado a causa nacional”, declarou o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, na sede da Presidência palestina em Ramallah (Cisjordânia), depois de dar posse aos ministros.

Os Estados Unidos manifestaram sua intenção de trabalhar com o novo governo, e de manter sua ajuda à Autoridade Palestina, considerada essencial. “Pelo que sabemos até agora, trabalharemos com esse governo”, declarou a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, lembrando que o governo não conta com “membros afiliados ao Hamas”, movimento islâmico contrário a Israel.

No entanto, o governo israelense ficou “profundamente decepcionado” com o apoio americano, segundo uma autoridade, que pediu para não ser identificada. “Esse governo palestino é um governo apoiado pelo Hamas, que é uma organização terrorista determinada a destruir Israel”, explicou.

De acordo com dois ministros israelenses citados pelo jornal Haaretz, o secretário de Estado americano, John Kerry, teria garantido que os EUA “esperariam para ver” como se comportaria o governo palestino, antes de decidir cooperar com ele ou não.

Israel já havia ameaçado tomar medidas “adicionais” contra a Autoridade Palestina, mas sem anunciar algo concreto.

Gabinete de consenso
No domingo 1, Abbas recebeu uma ligação do secretário de Estado americano, John Kerry, e informou sobre os últimos avanços, garantindo que o novo governo não tem ministros do Fatah ou do Hamas, segundo uma fonte palestina.

O presidente da Autoridade Palestina prometeu que o novo governo rejeitaria a violência, reconheceria Israel e respeitaria os compromissos internacionais para convencer a comunidade internacional de sua vontade de estar em paz com Israel.

O gabinete de “consenso”, dirigido pelo primeiro-ministro Rami Hamdalah, está composto por figuras independentes e tecnocratas.

Em Gaza, o Hamas elogiou o novo governo de união de “todos os palestinos”.

Com 17 ministros, cinco deles de Gaza, este é um Executivo de transição, que terá como missão prioritária a convocação de eleições até o fim do ano.

Pouco antes da cerimônia de posse, o Hamas, que governa Gaza, e o Fatah, do presidente Abbas, conseguiram resolver as últimas divergências sobre a composição do governo. O Hamas exigia a manutenção do ministro para os Prisioneiros e as duas partes concordaram em atribuir a pasta ao primeiro-ministro Rami Hamdalah, um professor universitário respeitado, mas relativamente pouco conhecido no exterior.

A Organização pela Libertação da Palestina (OLP) — liderada pelo movimento nacionalista Fatah de Abbas — e o Hamas assinaram em 23 de abril um acordo de reconciliação para acabar com a divisão política desde 2007 nos territórios na Cisjordânia.

A Autoridade Palestina administrava as zonas autônomas, enquanto o Hamas governava a Faixa de Gaza, submetida ao bloqueio israelense.

Recusa israelense
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu à comunidade internacional que “não se precipite” em reconhecer um governo palestino apoiado pelo Hamas e criticou a “ambiguidade” da Europa.

“O terrorismo islâmico volta a levantar a cabeça na Europa. Tivemos o exemplo com o horrível crime cometido no Museu Judaico em Bruxelas”, disse. “Me parece estranho que os países europeus condenem os crimes, mas discutam com ambiguidade, de maneira quase amistosa, de um governo com o Hamas, uma organização terrorista que comete esse tipo de crime e faz apologia dele”, completou.

Netanyahu reafirmou que considera o presidente Abbas responsável por qualquer ação “destinada a atingir a segurança de Israel”, seja procedente de Gaza ou da Cisjordânia.

O gabinete de segurança de Israel se reuniu durante a madrugada, segundo o jornal Jerusalem Post, e confirmou a decisão de não reconhecer o novo governo e de congelar qualquer tipo de negociação com a Autoridade Palestina enquanto persistir o acordo com o Hamas.

Como represália, o governo de Netayahu também vai analisar o bloqueio de parte do dinheiro que recebe mensalmente em nome dos palestinos, em uma iniciativa que pode agravar a situação financeira da Autoridade Palestina.

Procurado pela AFP, o gabinete de Benjamin Netanyahu se negou a confirmar ou desmentir as informações.

O jornal israelense Israel Hayom, considerado um porta-voz do primeiro-ministro, pediu “uma resposta inteligente” à formação do novo governo palestino. “Condenar e esperar”, sugere um editorial. “Neste momento, é suficiente condenar o governo palestino de que o Hamas participa, e proclamar que as negociações com Abu Mazen não podem seguir”, diz o texto, referindo-se ao apelido de Abbas.

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