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Nova-iorquinos ocupam praças e avenidas da cidade para festejar vitória de Biden e Harris

Fantasias de ‘Trump preso’, emoção, bandeiras e ‘esperança’ com derrota de candidato republicano

(Foto: Clarissa Carvalhães)
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*De Nova York

Foram quatro longos dias de espera e uma vitória sob tensão, mas quando o resultado finalmente saiu, no fim da manhã de sábado 7, até a natureza resolveu colaborar e todo o frio e chuva que caíram sobre Nova York durante a semana deram uma trégua para os nova-iorquinos celebrarem a conquista dos democratas Joe Biden e Kamala Harris, eleitos o 46° presidente dos Estados Unidos e a primeira mulher afro-americana a ocupar o posto de vice-presidente do país.

Mas o motivo para tanta festa dos nova-iorquinos também tinha outro nome: Donald Trump. Bastava caminhar por poucos quarteirões das ruas de Manhattan para ouvir os gritos de ordem e de um certo alívio. Cartazes, camisas e bandeiras (muitas bandeiras) deixavam claro a sensação de missão cumprida.

“Você está demitido!”, frase célebre de Trump em seu reality show “O Aprendiz” (Foto: Clarissa Carvalhães)

A frase “você está demitido” estava em grande parte dos cartazes, uma lembrança de quando o atual presidente comandava o programa “O Aprendiz”. Mas houve também quem lembrou de todo comportamento racista, misógino, xenófobo e irresponsável de Trump durante seu mandato.

No meio da festa, muita gente não resistiu e foi comemorar dentro da fonte mesmo, bem ali, no meio do Washington Square Park. A alegria era tanta que sair molhado no meio da rua nem parecia ser tão absurdo, como também não foi exibir sem medo ou culpa garrafas de cerveja, champanhe ou qualquer outra bebida alcóolica – ainda que seja proibido consumi-las em via pública.

Há poucos quilômetros dali, corredores de gente se formaram ao longo da Times Square enquanto um buzinaço de carros e motos passavam entre eles. No meio da multidão, também tinha gente fantasiada de Trump-derrotado, Trump-preso, Trump-foragido… que de tempo em tempo parava para atender o pedido para uma foto de despedida com o presidente.

Trump “presidiário” na Times Square, Nova York (Foto: Clarissa Carvalhães)

Quando Kamala começou a falar em um dos gigantes telões da avenida, um silêncio avassalador tomou conta de tudo. Todos queriam ouvir e ouviram a vice-presidente dizer que naquele momento pensava nas gerações de mulheres, negras, brancas, asiáticas e latinas, que ao longo da história abriram o caminho para ela.

“Mulheres que lutaram tanto e foram a espinha dorsal de nossa democracia (…) Embora eu possa ser a primeira mulher neste escritório, não serei a última. Cada menina assistindo esta noite vê que este é um país de possibilidades”.

Nova-iorquinos assistindo ao discurso de vitória de Kamala Harris e Joe Biden (Foto: Clarissa Carvalhães)

Depois dela, Biden comoveu muitos dos que o assistiam ao fazer um pedido de união em um momento que o país vive tempos de polarização (vale lembrar que a disputa foi acirrada: enquanto Biden venceu com 74 milhões de votos, Trump garantiu 70 milhões).

“Democratas, republicanos e independentes. Progressistas, moderados e conservadores. Jovem e velho. Urbano, suburbano e rural. Gay, hetero, transgênero. Branco. Latino. Asiático. Americano nativo. E especialmente para aqueles momentos em que esta campanha estava em seu ponto mais baixo – a comunidade afro-americana se levantou novamente por mim. Eles sempre estão atrás de mim e eu terei as suas”.

Joe Biden e Kamala Harris tomam posse oficialmente no dia 20 de janeiro de 2021, mas o presidente eleito afirmou que já na segunda-feira 9 vai nomear um grupo de cientistas e especialistas líderes como conselheiros de transição para ajudar o converter o plano Biden-Harris COVID em um plano de ação no próximo ano.

*Atualizado com vídeo às 13h15 do domingo 08

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