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‘Não temos um só acordo com o FMI’: Luis Arce apresenta o projeto de sucesso da Bolívia

Em visita ao Brasil, o presidente da Bolívia ressalta que a industrialização e a priorização do mercado interno foram as chaves para o ‘milagre econômico’ do País

Luis Arce, presidente da Bolívia, em evento no Mídia Ninja - Foto: Reprodução
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O aumento do PIB, do número de empregos e a queda na inflação colocaram a Bolívia na contramão das crises vividas intensamente no mundo, sobretudo na América Latina. Luis Arce, presidente da Bolívia e ministro da Economia desde 2006 durante o governo de Evo Morales, ajudou o País voltar a crescer, a partir do que chama de “Modelo Social Comunitário Produtivo”.

Em visita ao Brasil, Arce apresentou seu projeto e explicou como este investimento planejado permitiu a reconstrução econômica da Bolívia. A vinda foi organizada pela Mídia NINJA

A chave, segundo ele, está na priorização de um Estado industrializador, que busca o fortalecimento de um mercado interno plural. “Quem é mais interessado que nós para melhorarmos nossa própria qualidade de vida?”, questiona.

A Bolívia, lembrada por décadas como um dos países mais pobres da América do Sul, se tornou, nestes últimos anos, um dos que mais crescem no continente. O aumento no PIB, por exemplo, saiu de 4,22 p.p em 2017, para 6,11 no último ano. 

No ano de 2004, 63% da população boliviana era pobre. No e anos depois esse índice passou a 39%. A saída da vulnerabilidade socioeconômica também foi registrada em nota técnica pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“Estamos em uma situação melhor porque, desde 2006, nós não fazemos um acordo com o Fundo Monetário Internacional”, com exceção do ano de 2019 a outubro de 2020, fora de sua atuação. O objetivo de Arce foi sair da lógica de dependência da demanda externa e a priorização da exportação como símbolo de sucesso econômico. 

Plural e comunitário

Com ênfase nos povos indígenas originários e no apoio a empresas privadas internas, ele destacou que ‘a ganância do mercado’ não condiz com as necessidades da população.

“As crises no neoliberalismo se retroalimentam”, citou ele, dando exemplo a crise econômica, que soma-se ao desemprego, à fome e à saúde. 

Em conversa com CartaCapital durante o evento, Fausto Augusto, diretor técnico do Dieese, fez um paralelo com a situação brasileira. “Um dado que os economistas geralmente debatem muito pouco é que um terço da renda dos mais pobres do Brasil vem de uma renda não-monetária”. E explica: “É aquela troca de roupa que você não usa mais, o bazar na igreja, a doação de cesta básica”.

Ele dá um exemplo de famílias consideradas em situação de extrema pobreza, que recebem até 90 reais por mês. “Como você garante qualquer coisa com 90 reais? Mas você sobrevive e como?”

Estavam presentes representantes da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (Abed) como Luiz Gonzaga Belluzzo; Clélio Diniz, ex-ministro da Ciência e Tecnologia e Valquiria Assis, economista e presidenta da Sindicato dos Economistas de Minas Gerais (Sindecon/MG). Também nomes importantes da luta indígena e negra, como Sônia Guajajara e Caroline Iara, da Bancada Feminista.

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