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Não cabe a outro país dizer se o presidente do Brasil vai ou não à Rússia, diz ex-chanceler de Lula

Decisão de Bolsonaro sobre manter visita a Vladimir Putin é correta, avalia Celso Amorim

Celso Amorim
Celso Amorim, ex-chanceler do governo Lula. Foto: Wanezza Soares Trump maculou a democracia americana, lamenta ex-chanceler. Foto: Wanezza Soares
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Ex-chanceler dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o diplomata Celso Amorim disse que está “correta” a posição do presidente Jair Bolsonaro (PL) em não desistir da viagem à Rússia por conta da pressão de outros países.

Em entrevista na sexta-feira 18 ao programa Poder em Pauta, no canal de CartaCapital no YouTube, Amorim avaliou que é possível questionar os objetivos de Bolsonaro na Rússia, o seu comportamento durante a visita e os motivos para o presidente Vladimir Putin convidar o chefe de Estado brasileiro, mas isso seria diferente de concordar com uma eventual desistência por determinação de atores estrangeiros.

“Não cabe a outro país ou a outra potência dizer se a gente vai ou não vai”, declarou o ex-ministro. “Quais são os objetivos do Bolsonaro é uma outra questão. Julgar o que ele fez, se foi bom, se ele se portou como um estadista, podemos discutir. Mas eu acho que a decisão de ir, uma vez que ele já tinha estabelecido, é correta.”

Amorim também disse que não considera que a viagem do presidente era estratégica, mas ressaltou que “o Brasil é um país soberano” para manter a agenda.

“Você pode se perguntar por quê que a Rússia convidou o Bolsonaro agora e quais os objetivos do Bolsonaro. Agora, renunciar porque sofreu pressão de fora, eu não estaria de acordo”, afirmou

As declarações de Amorim ocorreram no dia em que os Estados Unidos criticaram a postura do Brasil em relação à Rússia. A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, declarou que “o Brasil está do lado oposto ao da maioria da comunidade global”.

No sábado 19, o governo brasileiro rebateu as críticas de Washington. O Ministério das Relações Exteriores disse que “lamenta” o teor da declaração da porta-voz americana e classificou a posição de “extrapolação”.

“O Ministério das Relações Exteriores lamenta o teor da declaração da porta-voz da Casa Branca a respeito de pronunciamento do Senhor Presidente da República por ocasião de sua visita à Rússia”, diz nota.

Na sequência, a pasta disse que as considerações da Casa Branca não são “construtivas, nem úteis”.

“As posições do Brasil sobre a situação da Ucrânia são claras, públicas e foram transmitidas em repetidas ocasiões às autoridades dos países amigos e manifestadas no âmbito do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU). O Ministério das Relações Exteriores não considera construtivas, nem úteis, portanto, extrapolações semelhantes a respeito da fala do Presidente”, afirma o texto.

A visita de Bolsonaro ao Kremlin ocorreu na quarta-feira 16, em meio a um conflito diplomático entre Putin e a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, que busca se expandir militarmente para a Ucrânia, na fronteira com a Rússia. acusa Moscou de planejar uma invasão ao território ucraniano, mas o presidente russo nega a intenção e culpa a Otan por não cumprir acordo de interromper a sua proliferação na região.

 

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