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Mourão: fechamento da fronteira na Venezuela “não é ato de agressão”

O vice-presidente diz ainda que a ameaça de invasão dos EUA é retórica

Mourão, o vice (Foto: ABr)
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General da reserva, o vice-presidente Hamilton Mourão virou alvo das hostilidades dos setores mais conservadores do governo de Jair Bolsonaro por defender posições consideradas moderadas. Mas, em entrevista à agência de notícias AFP nesta quinta-feira 21, ele afirma que busca no cargo ter “papel complementar” e ser “o escudo e a espada” do presidente.

Mourão minimizou o fechamento da fronteira entre a Venezuela e o Brasil ordenada por Nicolás Maduro. “Não é ato de agressão”.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ordenou fechar a fronteira com o Brasil para evitar a entrada de ajuda humanitária. Como o senhor avalia esta decisão?

HM: Vejo essa reação simplesmente para impedir que ocorra esse processo de ajuda humanitária.

O Brasil vai protestar ou reagir de alguma maneira?

HM: O fechamento da fronteira para nós não significa um ato de agressão. A Venezuela tem liberdade para fazer o que quiser.

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A questão da Venezuela tem que ser resolvida pelos venezuelanos

O senhor teme uma ação militar dos Estados Unidos contra a Venezuela?

HM: A ameaça está mais no campo da retórica do que na ação. Seria muito prematuro e fora de propósito os EUA realizarem uma intervenção militar dentro da Venezuela. A questão da Venezuela tem que ser resolvida pelos venezuelanos.

O senhor é considerado o maior comunicador do governo e, também um moderador. Sente-se confortável com esse papel, embora seja criticado por isso no próprio governo?

HM: Acho que meu papel é de complementar o do nosso presidente. O presidente é nosso líder, o presidente é um homem da ação, da decisão. Eu busco ter esse papel complementar como já disse, que seja muitas vezes o escudo e a espada dele.

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As críticas dos evangélicos, de Steve Bannon, de Olavo de Carvalho, não refletem divisões na aliança do governo?

HM: É uma questão de opinião. Eu sempre digo que é a minha opinião pessoal. No momento em que o presidente tomar decisões em assuntos nos quais eu já emiti opiniões que não eram unanimidade, eu passo a ter a mesma decisão que ele. É uma questão de disciplina intelectual.

Existe uma ala militar no governo ou um partido militar?

HM: Não. Acho que essa é uma interpretação errônea. Raramente falo com meus conhecidos que pertencem às Forças Armadas, ou que pertenceram às Forças Armadas, cada um envolvido com a área do governo da qual ficou responsável. Então, eu não vejo dessa forma. E as Forças Armadas como conjunto estão cumprindo a função constitucional que elas têm.

Oito dos 22 ministros do governo são militares, além do presidente e do vice. O que os militares podem aportar ao Brasil na política?

HM: Nós estamos muito ligados aos cargos técnicos, com exceção do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto Santos Cruz, que está em uma função de ligação política, ou no caso do general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, GSI, que sempre foi um cargo de militares, e o caso do ministério da Defesa, comandado pelo general Fernando Azevedo e Silva.

O que nós podemos fazer? Uma das grandes coisas de que o Brasil vem se ressentindo é a questão da gestão. A gestão pública era péssima. E ao ser péssima, permitia que duas coisas ocorressem: recursos mal empregados e desvio de recursos para a corrupção. O nosso grande trabalho na minha visão é melhorar a gestão pública.

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