Um grupo de 30 milionários do Reino Unido pediu ao chanceler do Tesouro britânico, Rishi Sunak, que fosse criado um regime de tributação que imputasse a eles e aos mais ricos os custos da recuperação do país após a pandemia da Covid-19.
Na carta, os signatários escrevem que “o custo da recuperação não pode recair sobre os jovens ou com rendimentos mais baixos”. A criação de uma nova tributação também tem como intenção o combate à desigualdade presente no país.
“Nós sabemos onde você pode encontrar esse dinheiro. Podemos contribuir mais e queremos investir no reparo e na melhoria de nossos serviços compartilhados. Temos orgulho de pagar nossos impostos para reduzir a desigualdade, apoiar uma assistência social mais forte e o NHS, e para garantir que estejamos construindo uma sociedade mais justa e verde”, disseram os milionários no documento.
Para eles, o sistema tributário atual representa uma carga profundamente desigual para os trabalhadores, e esse desequilíbrio precisa ser revolvido.
Os milionários disseram ainda que o aumento planejado pelo governo, de 1,25 ponto percentual nas contribuições para o seguro nacional, “afetaria mais duramente os trabalhadores”, portanto, os impostos sobre os mais ricos da sociedade deveriam ser aumentados.
O grupo pediu ao chanceler que olhe para qualquer política que tribute a riqueza como uma prioridade, que vai desde a equalização dos ganhos de capital com o imposto de renda, uma revisão do imposto sobre a propriedade, até a introdução de um imposto sobre o patrimônio líquido.
“O custo da recuperação não pode recair sobre os jovens ou os de menor renda. Muitos de nós – pessoas com riqueza – apoiaremos um sistema de tributação mais progressiva e pedimos que façam o mesmo ”, disse o grupo, que faz parte do movimento Milionários Patrióticos , na carta.
“Ao decidir como preencher a lacuna financeira, olhe para nós. Reparar nosso país é mais valioso do que aumentar nossa riqueza”, pediu o grupo.
A carta se apresenta no momento em que o custo de vida e a fortuna dos bilionários aumentam no país. Desde o início da pandemia, o valor combinado das riquezas do grupo aumentou em 22%, somando 597 bilhões de libras.
“Em vez de aumentar o seguro nacional e tirar 1.000 libras por ano das famílias com crédito universal, o chanceler, que é um multimilionário, deveria estar cobrando impostos a si mesmo e a pessoas como eu – pessoas com riqueza. Não podemos esperar uma recuperação forte ou estável se a carga fiscal for colocada sobre nossos trabalhadores de cuidados, limpadores de rua e professores – trabalhadores-chave que merecem melhor – enquanto não tributamos os ricos”, disse o integrante do grupo, Gary Stevenson, um ex-comerciante multimilionário.
A empreendedora de tecnologia Gemma McGough, que também assinou a carta, disse que faz sentido economicamente tributar mais os ricos. “Esta carta não é uma declaração de boa vontade, é uma tentativa de sacudir o chanceler pelos ombros fiscais e acordá-lo”, disse ela.
E completou: “Se tributarmos incessantemente os trabalhadores e nunca tributarmos onde o dinheiro está sendo ganho, nosso país continuará a sofrer. Qualquer pessoa com mentalidade empresarial lhe dirá que faz sentido, do ponto de vista econômico, equilibrar seus livros. Onde está o equilíbrio quando a riqueza é acumulada por um pequeno grupo de pessoas muito ricas e o custo do país cai para aqueles com rendas média e baixa?”.
A taxação de 1% sobre grandes fortunas no Reino Unido poderia gerar mais de 70 bilhões de libras por ano, conforme pesquisa da Greenwich Univesity. Isso seria equivalente a 8% da receita tributária total atual, mas afetaria apenas cerca de 250.000 famílias.
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