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Milhares vão às ruas na Argentina em apoio a Cristina Kirchner, ameaçada de prisão

As vigílias na porta do prédio onde ela mora acontecem todas as noites desde segunda-feira (22), quando a promotoria pediu ao tribunal 12 anos de prisão para a vice-presidente e sua inabilitação política perpétua

Foto: Luis ROBAYO / AFP
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Manifestações em apoio à vice-presidente argentina Cristina Kirchner e em repúdio a um processo judicial contra ela foram realizadas nesta quinta-feira (25) em várias cidades do país, uma delas em frente à casa da vice-presidente, em Buenos Aires. Kirchner foi acusada, junto com outras 12 pessoas, pelos crimes de associação ilícita e administração fraudulenta agravada, em um caso sobre suposta corrupção na licitação de obras públicas quando era presidente, de 2007 a 2015.

Logo após as 21h, no horário local, em meio à agitação social e cantos de “Cristina presidenta”, Kirchner desceu do carro que a trouxe do Senado para caminhar e cumprimentar a multidão até entrar no prédio onde mora, no elegante bairro da Recoleta, em Buenos Aires.

Outras mobilizações com forte participação foram realizadas nas principais cidades argentinas, como Córdoba (centro), Santa Fé e Rosário (centro-leste), segundo a mídia local. Além disso, vários atos estão sendo preparados em Buenos Aires e outras cidades para o próximo fim de semana, com o slogan “Cristina é defendida pelo povo”.

Foto: ALEJANDRO SANTA CRUZ / TELAM / AFP

Marcha nacional

O Partido Justicialista (PJ, Peronista) expressou “solidariedade” com a vice-presidente e exortou a militância a “manter-se unida, organizada, mobilizada e em alerta permanente”. O PJ, integrante da coalizão governamental Frente de Todos (peronismo de centro-esquerda), convocou uma sessão plenária para 3 de setembro com o objetivo de marcar uma data para uma marcha nacional denunciando o que consideram uma perseguição política contra a ex-presidente, de 69 anos.

As vigílias na porta do prédio onde ela mora acontecem todas as noites desde segunda-feira (22), quando a promotoria pediu ao tribunal 12 anos de prisão para a vice-presidente e sua inabilitação política perpétua. No dia seguinte, depois que o tribunal lhe negou a possibilidade de ampliar sua defesa, Kirchner contra-atacou com um forte discurso de seu gabinete no Senado.

“Este não é um julgamento contra mim, é um julgamento contra o peronismo, contra os governos nacional e popular”, disse. “São 12 anos (de pedido de prisão), os 12 anos do melhor governo que a Argentina teve nas últimas décadas, por isso pedem 12 anos. Por isso vão me estigmatizar e condenar. Se eu nascesse 20 vezes, 20 vezes eu faria a mesma coisa”, exclamou Kirchner.

Argentinos apoiam Kirchner na porta do Senado, em Buenos Aires.
Foto: JUAN MABROMATA / AFP

Decisão até o fim do ano

O processo começou em 2019 e espera-se que os juízes emitam um veredicto antes do final do ano. A vice-presidente, que também preside o Senado, goza de imunidades parlamentares que a protegem tanto da prisão, quanto da inabilitação política. Uma sentença contra Kirchner só poderá se tornar efetiva se for ratificada pelo Suprema Corte ou se ela perder a imunidade parlamentar.

Em meio a uma intensa polarização política, o pedido de prisão e inabilitação apresentado na segunda-feira pelo Ministério Público multiplicou as críticas ao tribunal por partidários de Kirchner e os pedidos de manifestação em defesa da vice-presidente. Ela foi absolvida em vários casos por supostos crimes ocorridos quando ela era presidente, mas ainda enfrenta cinco processos.

Na quarta-feira (24), os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, da Bolívia, Luis Arce, da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel López Obrador, todos de esquerda, publicaram um comunicado comum de apoio à vice-presidente argentina. “Expressamos nosso mais absoluto repúdio à injustificável perseguição judicial que a atual vice-presidente Cristina Kirchner vem sofrendo”, disseram os presidentes, que denunciaram uma tentativa de retirá-la da “vida pública, política e eleitoral”, segundo um comunicado lido pela porta-voz da presidência argentina, Gabriela Cerruti.

Com informações da AFP

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